terça-feira, 31 de março de 2009


REPORTAGEM DO JORNAL EL PAIS
PORQUE NAO HOUVERAM MANIFESTAÇOES CONTRA O ABORTO NOS ULTIMOS 20 ANOS?
Blanco recorda que durante os governos do PP foram praticados 500.000 interrupções de gravidez
AITOR RIEIRO 30/03/2009

A ministra de Igualdade, Bibiana Aído, se perguntou hoje porque as pessoas que se manifestaram ontem contra o aborto não protestaram nos últimos 20 anos, durante os quais estava em vigor a mesma lei que segue vigente. Aído se questionou também sobre os detalhes concretos que desagradam os manifestantes, quando ainda não se conhece o anteprojeto de lei. Segundo a ministra, o debate já não é aborto sim ou aborto não, algo que a sociedade espanhola já superou há décadas. Na mesma linha se expressou o vice-secretário geral do PSOE, José Blanco, que lembrou que “na Espanha se aborta com a mesma lei há muitos anos” e que “durante os oito anos do Governo do PP, com José Maria Aznar à frente, foram praticados 500.000 abortos”, informa Anabel Díez. “Não houve manifestações nessa época, mas sim quando governava Felipe Gonzáles, e agora voltam a haver, só quando governa o PSOE”. Ou seja, a acusação de dupla moral, foi lançada por Blanco tanto “ao PP como à Igreja”.

Blanco especificou que ainda não existe lei, mas sim um anteprojeto, o qual pode passar por “reflexões” sobre o seu conteúdo. Porem dois aspectos são intocáveis: “Nenhuma menina e nenhuma mulher será presa por abortar” e “se aumentarão muito as garantias jurídicas e sanitárias”. Blanco declarou-se crente em muitas ocasiões.

A ministra de Igualdade reuniu-se esta manha com o presidente da Associação de Clínicas Acreditadas para a Interrupção da Gravidez (ACAI), Santiago Barambio, que pediu ao Governo que o prazo para abortar por risco à saúde a mãe seja de 24 semanas e que não exista limite para interromper a gravidez em caso de malformação fetal. A ministra também recebeu o presidente da Sociedade Espanhola de Contracepção, Ezequiel Perez. E ao largo da semana se entrevistará com associações pró-vida.

O ministro de Saúde e Consumo, Bernat Soria, também insistiu, desde Singapura, na mesma idéia que Aído e Blanco. Nas legislaturas do PP, disse, “foram praticados mais de 500.000 abortos legais”. Em declarações à RNE, o ministro assegurou que respeita “profundamente qualquer opinião em qualquer sentido”, porem mostrou “surpresa pelo fato de que durante os oito anos que governou o PP não houve nenhuma dessas manifestações”.

O coordenador geral de IU, Cayo Lara, criticou que a campanha contra o aborto promovida pela Conferencia Episcopal Espanhola (CEE) se pague “com o dinheiro de todos” procedente da arrecadação obtida através do imposto de renda. Nesse sentido, referiu-se aos outdoors aonde se compara um lince protegido com o direito à vida de uma criança, e indicou que são os outdoors das “mentiras”, já que “nem o lince é ibérico, nem a criança é um feto”. Por fim, deixou claro que não se opõe à Igreja católica e lembrou que na IU também existem cristãos, mas espera que “rompam com a hierarquia religiosa de uma maldita vez”.

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