terça-feira, 31 de março de 2009

AC/DC Live in Barcelona


Dentro de poucas horas estarei no Palau Sant Jordi, sobre o Montjuic, para apreciar o show oferecido pela dinossaurica banda de rock and roll na turne do seu mais recente trabalho, "Black Ice".

Nao vou entrar em discussao com os leitores sobre a qualidade musical da banda. Quer queiram, quer nao, AC/DC é uma banda de referência para inúmeras geraçoes de músicos, e, sem nunca esquecer que tudo isso veio do blues - e que o AC/DC tem uma notável influencia desse estilo - tenho certeza que os ouvidos livres de amarras saberao apreciar.

Vai me dizer que isso nao é blues, lá no fundo...


REPORTAGEM DO JORNAL EL PAIS
PORQUE NAO HOUVERAM MANIFESTAÇOES CONTRA O ABORTO NOS ULTIMOS 20 ANOS?
Blanco recorda que durante os governos do PP foram praticados 500.000 interrupções de gravidez
AITOR RIEIRO 30/03/2009

A ministra de Igualdade, Bibiana Aído, se perguntou hoje porque as pessoas que se manifestaram ontem contra o aborto não protestaram nos últimos 20 anos, durante os quais estava em vigor a mesma lei que segue vigente. Aído se questionou também sobre os detalhes concretos que desagradam os manifestantes, quando ainda não se conhece o anteprojeto de lei. Segundo a ministra, o debate já não é aborto sim ou aborto não, algo que a sociedade espanhola já superou há décadas. Na mesma linha se expressou o vice-secretário geral do PSOE, José Blanco, que lembrou que “na Espanha se aborta com a mesma lei há muitos anos” e que “durante os oito anos do Governo do PP, com José Maria Aznar à frente, foram praticados 500.000 abortos”, informa Anabel Díez. “Não houve manifestações nessa época, mas sim quando governava Felipe Gonzáles, e agora voltam a haver, só quando governa o PSOE”. Ou seja, a acusação de dupla moral, foi lançada por Blanco tanto “ao PP como à Igreja”.

Blanco especificou que ainda não existe lei, mas sim um anteprojeto, o qual pode passar por “reflexões” sobre o seu conteúdo. Porem dois aspectos são intocáveis: “Nenhuma menina e nenhuma mulher será presa por abortar” e “se aumentarão muito as garantias jurídicas e sanitárias”. Blanco declarou-se crente em muitas ocasiões.

A ministra de Igualdade reuniu-se esta manha com o presidente da Associação de Clínicas Acreditadas para a Interrupção da Gravidez (ACAI), Santiago Barambio, que pediu ao Governo que o prazo para abortar por risco à saúde a mãe seja de 24 semanas e que não exista limite para interromper a gravidez em caso de malformação fetal. A ministra também recebeu o presidente da Sociedade Espanhola de Contracepção, Ezequiel Perez. E ao largo da semana se entrevistará com associações pró-vida.

O ministro de Saúde e Consumo, Bernat Soria, também insistiu, desde Singapura, na mesma idéia que Aído e Blanco. Nas legislaturas do PP, disse, “foram praticados mais de 500.000 abortos legais”. Em declarações à RNE, o ministro assegurou que respeita “profundamente qualquer opinião em qualquer sentido”, porem mostrou “surpresa pelo fato de que durante os oito anos que governou o PP não houve nenhuma dessas manifestações”.

O coordenador geral de IU, Cayo Lara, criticou que a campanha contra o aborto promovida pela Conferencia Episcopal Espanhola (CEE) se pague “com o dinheiro de todos” procedente da arrecadação obtida através do imposto de renda. Nesse sentido, referiu-se aos outdoors aonde se compara um lince protegido com o direito à vida de uma criança, e indicou que são os outdoors das “mentiras”, já que “nem o lince é ibérico, nem a criança é um feto”. Por fim, deixou claro que não se opõe à Igreja católica e lembrou que na IU também existem cristãos, mas espera que “rompam com a hierarquia religiosa de uma maldita vez”.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Grandes Nomes do Blues 10 – Big Bill Broonzy


Os pais de William Lee Conley Broonzy nasceram escravos. Ele nasceu em junho de 1893, em Scott, Mississippi, mais um entre os 17 irmãos. Broonzy cresceu numa granja no Arkansas e seu primeiro instrumento musical foi um violino caseiro com o qual tocava na igreja ou em atos sociais.

A princípios de 1910 compaginava seu trabalho de violinista com o de pastor, e entre 1918 e 1919 serviu no exército dos EUA; pouco depois, se licenciou e foi a Chicago aonde trabalhou como carregador de malas enquanto aprendia a tocar a guitarra.

Em 1924 trabalhou com Papa Charlie Jackson e logo se converteu em um acompanhante bastante solicitado. Sob inúmeros pseudônimos – Sammy Sampson, Big Bill John – Broonzy gravou pela primeira vez para a Paramount em 1927, e em 1930 para a Gennett/Champion e para a Perfect/Banner. Em 1931 gravou novamente outro disco para a Paramount com o nome de Big Bill Broomsley. A essa altura, Big Bill Broonzy já era um artista profissional.

Durante essa época, Broonzy trabalhou em teatros e bares de Chicago e do norte de Indiana, e fez ainda uma turnê com o espetáculo de Memphis Minnie. Em 1934 as companhias ARC e Bluebird lançaram um disco com seus grandes êxitos, o qual assinou como Big Bill, começando assim uma fase de grande atividade discográfica. A partir de 1936 gravou exclusivamente para a ARC (que mais tarde viria a se tornar Columbia), um contrato que chegaria a 1947. Broonzy vivia em sua granja no Arkansas e viajaria três ou quatro vezes por ano a Chicago para gravar seus discos, sobretudo porque já em 1937 as oportunidades de atuar em espetáculos diminuíram.

Em 1938 Broonzy foi um dos eleitos por John Hammond para seu show Spirituals To Swing no Carnegie Hall de Nova York. Broonzy aproveitou a oportunidade ao máximo e se desdobrou nos mais importantes locais de Nova York e Chicago. Em 1939, atuou no filme Swingin’ The Dream; entre 1941 e 1942 fez uma turnê com Lil Green; em seguida choveram convites para atuar nos teatros de Nova York e Los Angeles. Simultaneamente seguiu gravando discos assiduamente, o que fez que ao final de sua carreira tivesse publicado centenas de músicas.

Durante alguns períodos, as gravações de Broonzy alternavam o acompanhamento de apenas piano e baixo ao de grandes bandas, muitas vezes tocando duas cornetas. Com o tempo, o toque country de seus discos foi perdendo importância e em 1949, quando assinou contrato com a Mercury, já tinha sido contagiado pelo emergente som R&B. Broonzy ainda se dividia entre seu trabalho musical e o de porteiro da universidade de Iowa até que sua primeira turnê ao exterior mudou sua vida: durante setembro e outubro de 1951, percorreu a Inglaterra, França e Alemanha, gravou discos em cada um desses países e demonstrou ser um artista amplamente conhecido.

Logo após suas ultimas sessões para a Mercury em 1952, realizou outra turnê: foi a partir desse momento que Broonzy voltou a suas origens mais country e mais blues e não parou de gravar discos para diversas companhias européias. Em 1955 foi publicada sua autobiografia: Big Bill Blues. Durante 1955 e 1957 continuou atuando na Europa, mas foi-lhe diagnosticado um câncer que acabaria com sua vida em agosto de 1958 em Chicago.

Abaixo vocês podem baixar ao álbum remasterizado lançado pela Columbia em 1990 "Whiskey And Good Time Blues" contendo 18 temas quase perdidos do bonachão Big Bill Broonzy:

01 - She Caught The Train
02 - The Dozen
03 - Don't Tear My Clothes
04 - Ash Hauler
05 - Out With The Wrong Woman
06 - Down In The Alley
07 - Stuff They Call Money
08 - Good Boy
09 - Unemployment Stomp
10 - Rider Rider Blues
11 - Whiskey And Good Time Blues
12 - Make My Getaway
13 - Looking For My Baby
14 - My Mellon Man
15 - Knockin' Myself Out
16 - Key To The Highway
17 - Wee Wee Blues
18 - Conversation With The Blues

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quinta-feira, 12 de março de 2009

Grandes Nomes do Blues 9 – Albert Ammons


Albert Clifton Ammons nasceu em março de 1907 em Chicago, Illinois. Foi pupilo de Jimmy Yancey, em sua época modelo para muitos pianistas de blues por seus trabalhos em festas, shows e atuações noturnas. Ammons conheceu aos outros pianistas de Chicago e compartiu com eles tendências que chegavam do Harlem.

Além de Yancey, a geração de Chicago contava com Clarence “Pine Top” Smith, Jimmy Blythe, Cripple Clarence Lofton, Hersal Thomas, e um grande amigo de Ammons: Meade “Lux” Lewis. Ammons era o mais jovem e aprendeu de todos eles, mas também se contagiou pela música de Fat Waller, uma grande figura nesse mundinho. Ainda que Lewis e Smith já tivessem gravado boogie nos anos 20, quando os intérpretes introduziram o boogie-woogie – a mão esquerda repete oito padrões de baixo – o blues o adotou como próprio.

“... Esta manhã escutei Albert Ammons e me encheu... De sexo, de vida, de verdades. Foi maravilhoso.”Jools Holland

Ammons tocava em grupos de swing ou acompanhando outros artistas, mas como não era suficiente, teve que buscar a vida fora da música. Até dar o grande salto. Em 1935, conseguiu um emprego como músico residente no Club DeLisa, o mais famoso do sul de Chicago. Quando John Hammond o descubriu, só foi preciso um ano para que a Deca editasse seu primeiro disco em fevereiro de 1936.

Em 1938, Ammons foi convidado a atuar no Carnegie Hall de Nova York, num show organizado por Hammond, o “Spirituals To Swing”. Acompanhou a Sister Rosetta Tharpe e a Big Bill Broonzy, além de poder tocar o seu “Boogie Woogie”; ainda interpretou, junto ao pianista de Kansas City Pete Johnson, “Jumpin’ Blues” e “Cavalcade Of Boogie”. A resposta do público mostrou que a era do boogie-woogie tinha chegado. Os três pianistas – Ammons, Johnson e Lewis – aproveitaram o trampolim oferecido pelo espetáculo para trabalhar juntos durante anos, em duos ou trios, e às vezes acompanhados de Joe Turner nos vocais. Editaram discos para a Vocalion, a Blue Note e a Victor, e, a partir do Café Society de Nova York, recorreram o país atuando tanto em filmes como em programas de rádio.

Em 1944, no fim de sua larga temporada em Nova York, Ammons gravou duas seções para a Commodore. A primeira sozinho, e a segunda junto aos Rhythm Kings, um grupo com a mesma levada que ele tinha escolhido na primeira vez que gravou na vida. No ano seguinte voltou a Chicago e, através na novíssima Mercury Records, seguiu lançando discos com o grupo. Por outro lado, a estrutura do boogie-woogie até o momento se baseava em breves frases melódicas, porém, com a nervosa mão esquerda de Ammons, foi possível adaptar as músicas de sempre dando um frescor que as mudaria definitivamente, como em “Deep In The Heart Of Texas”, “Roses Of Picardy” ou “Swanee River”. Ammons também demonstrou que o boogie-woogie em suas mãos era apto para qualquer tipo de música que precisasse.

Um pouco antes que a American Federation of Musicians se declarasse em greve em janeiro de 1948, Ammons gravou sua última seção para a Mercury. Não havia dúvida de que o futuro seria prometedor a esse gigante do blues, mas pouco depois de atuar na festa de posse do presidente Truman, contraiu uma misteriosa doença cardíaca que acabou com sua vida em dezembro de 1949.

Baixe aqui e escute a nervosa mão esquerda de Albert Ammons:

01 - Boogie Woogie Stomp
02 - Early Mornin' Blues
03 - Boogie Woogie Prayer - Pt.1
04 - Boogie Woogie Prayer - Pt.2
05 - Shout For Joy
06 - Boogie Woogie Blues
07 - Woo Woo
08 - Mighty Blues
09 - St. Louis Blues
10 - Bass Goin' Crazy
11 - Boogie Woogie
12 - Chicago in Mind
13 - Cafe Society Rag
14 - Boogie Woogie Man
15 - Barrelhouse Boogie
16 - Cuttin' The Boogie
17 - Sixth Avenue Express
18 - Blues in the Grove
19 - The Breaks
20 - Jamin' The Boogie
21 - Bottom Blues
22 - Bedroom Blues
23 - Swanee River Boogie

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quarta-feira, 11 de março de 2009

Zapatero quer "follar" os Russos



Ato-falho do presidente do governo espanhol, José Luiz Rodriguez Zapatero, durante uma entrevista em conjunto com o presidente russo Dimitri Medvedev sobre novos acordos comerciais entre os dois países.

"Hay un gran incremento de turistas españoles hacia Rusia, estamos ya en una cifra de 500.000 turistas, por tanto hemos hecho un acuerdo para estimular, para favorecer, para follar...", disse Zapatero. Para os que nao sabem, "follar" poderia ser traduzido por algo como "transar" ou "foder". O governante se deu conta do erro e no momento anhadiu que o acordo é para "apoiar" esse setor econômico.

Espero que o lapso do presidente nao tenha sido traduzido no momento ao governante ruso. Longe de mim ter um russo como inimigo!

Athletic na final



Vídeo tomado pela TV vasca logo após a vitória do Athletic de Bilbao por 3x0 sobre o Sevilla em uma das semifinais da Copa do Rey no passado dia 05, garantindo-lhes o acesso à decisao contra o Barcelona. Depois de 25 anos esperando uma final, a cidade era uma festa sem hora para acabar, em plena quinta-feira. Nenhum chefe vasco iria reclamar que seu trabalhador nao veio ao trabalho nessa sexta. Aliás, para quem nao sabe, o Athletic é o único time aonde até hoje só jogam vascos, e que, junto ao Real Madrid e ao Barcelona, nunca caíram para a segunda divisao da liga espanhola. Para a final, em confronto único no dia 13 de maio em Valencia, pastores viscaínos prometem assar 200 cordeiros antes do jogo para os seguidores dos dois times, façanha que entrará para o Guinness. Podem ter certeza que eu estarei lá, e, se nao o bater, ao menos chegar ao mesmo nível de "euforia" que o torcedor do vídeo.

terça-feira, 10 de março de 2009

Grandes Nomes do Blues 8 – Bessie Smith


Bessie Smith nasceu dia 15 de abril de 1894 em Chattanooga, Tenesse, na mais absoluta pobreza. Quando criança recebia esmolas por cantar pelas esquinas, e já adolescente dançava em espetáculos de variedades. Mudou-se de cidade em cidade enquanto ia aperfeiçoando sua arte e ganhava seguidores até que, no começo dos anos vinte, era a vedete de seu próprio show que percorria o sul e a costa leste.

Foi contratada pela Columbia Records em 1923 e sua segunda seção de gravações originou “Ain’t Nobody’s Business If I Do”, desafio que se converteu numa de suas canções indispensáveis, e que permanece como um clássico do gênero. Com o êxito do disco Smith adquiriu fama nacional, o que lhe permitiu fazer grandes turnês, não só pelo sul, como também pelas cidades do norte aonde os emigrantes afro-americanos se assentavam em busca de trabalho e melhores condições de vida. Foi para esses que Bessie Smith criou tanto sua música como a figura de mulherona urbana e vulgar que não desprezava suas raízes sulistas.

As letras das músicas de Smith abordam a dura realidade da vida dos afro-americanos, ainda que, em geral, os temas – amor, perda, traição, desafio e perseverança perante as adversidades – são universais. Mesmo em face à dor, redigiria seu pesar com absoluta firmeza, como se estivesse determinada em calar o sofrimento com sua força de vontade.

“Naquele tempo tínhamos grandes cantoras – Ethel Watters, Ida Cox, Sippie Wallace, Clara Smith, Trixie Smith – mas nenhuma como Bessie.”Little Brother Montgomery

Com seu registro vocal limitado, Smith usava uma grande variedade de efeitos vocais – grunhidos, soluços, lamentos... – que convenceram aos fãs do sofisticado jazz e aos que ainda eram seu público blueseiro mais fiel: a classe trabalhadora. Em 1925, gravou algumas seções com Louis Armstrong, que se encarregou de responder – encantado – a seus versos em “You’ve Been A Good Old Wagon” e “St. Louis Blues”; Armstrong, bem a seu estilo, não lhe deu um papel principal e tratou-a como se fosse um músico a mais.

Finalmente, foi reconhecida como a “Imperatriz do Blues”, mas esse rótulo não chega a fazer justiça à sua verdadeira relevância: como sua parceira e conterrânea Ma Rainey; como os “heróis da raça” Jack Johnson, Joe Louis, Jesse Owens e Paul Robeson; e como os últimos símbolos Muhammad Ali, Aretha Franklin ou James Brown; Smith significou muito mais que a mera excelência em seu âmbito. Apesar de sua descarada e confiante atitude, de sua aparente soberbia sem complexos (como de seu apetite sexual, por exemplo), de sua desafiante recusa em comprometer seu individualismo e integridade (ao menos em público). Mesmo de seu gosto pela ostentação e de seu descontrolado consumismo, converteu-se em modelo a ser seguido por seus admiradores afro-americanos que viam em seu êxito aquilo que toda “a raça” alcançaria um dia.

Na Madrugada do 26 de setembro de 1937, Smith dirigia pela rota 61, perto de Clarksdale, Mississippi, quando seu carro bateu de lado contra um caminhão. Ficou gravemente ferida e com um braço parcialmente deslocado. Um médico branco parou para socorrê-la subindo-a a seu carro, que, pouco depois, sofreria também outro acidente. Uma ambulância acabou levando-a ao hospital “para negros” de Clarksdale aonde morreu pela hemorragia.

Assim acabou a vida de um símbolo do blues: Bessie Smith não só representa a idade de ouro do “blues clássico”, da música popular afro-americana dos anos vinte, ou do blues em geral, mas também é – e foi – uma artista com a que todos, sejam homens ou mulheres, negros ou brancos, e de qualquer âmbito do espetáculo e da arte, devem enfrentar-se.

Baixe aqui e escute a voz de Bessie Smith:

01 - Downhearted Blues
02 - 'T'aint Nobody's Bizness If I Do
03 - My Sweetie Went Away (She Didn't Say Where, When Or Why)
04 - Weeping Willow Blues
05 - St. Louis Blues
06 - Reckless Blues
07 - You've Been A Good Ole Wagon
08 - I Ain't Gonna Play No Second Fiddle
09 - Young Woman's Blues
10 - Muddy Water (A Mississippi Moan)
11 - Mean Old Bedbug Blues
12 - Empty Bed Blues (Parts 1 & 2)
13 - Nobody Knows When You're Down And Out
14 - Black Mountain Blues
15 - Do Your Duty
16 - Gimme A Pigfoot

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segunda-feira, 9 de março de 2009

World Builder


World Builder from Bruce Branit on Vimeo.

Curta de animaçao tridimensional criado pelo cineasta Bruce Branit, mais conhecido como co-criador de "405". World Builder foi filmado em um único dia, seguido de dois anos de pós-produçao. Branit é fundador e dono da Branit VFX, com base em Kansas City.

REPORTAGEM PUBLICADA NO JORNAL EL PAIS
ATORES DEIXAM A PELE NA TELA
Kate Winslet, Patrick Wilson e Marisa Tomei se desnudam sem complexos
ROCÍO AYUSO 09/03/2009

É uma exigência do roteiro. É a frase que sempre acompanhou a presença de um nu no cinema. Porém, durante anos, tanto desculpas como nus desapareceram do vocabulário de Hollywood até que uma nova geração de artistas decidiu botar mais lenha na fogueira. E no lugar de uma mancha, sua nudez os trouxe a glória. No caso mais claro, Kate Winslet ganhou seu primeiro Oscar por The Reader, aonde se desnuda de corpo e alma. Marisa Tomei também tira a roupa em The Wrestler, sua terceira candidatura ao Oscar. “Pensei que fosse por meus valores artísticos”, brinca aos seus 44 anos. E fenômenos de massa como Watchmen também mostram sem rodeios nus tanto femininos como masculinos. “Meu disfarce já é provocativo sem precisar tirá-lo”, afirma Malin Akerman em seu papel como Silk Sprectre II. Ela mostra mais que seu companheiro de cama, Patrick Wilson, que não está alheio à recente onda de nus depois de seu trabalho em Little Children, junto a Winslet. “A intimidade dessas seqüências é outra demonstração de suas lutas internas”, comenta o intérprete sobre esse filme. Mas na hora de um nu frontal masculino não há nada como o criado digitalmente para o personagem Dr. Manhattan no mesmo filme. “Tenho que admitir com humildade que não tem nada a ver comigo”, esclarece Billy Crudup, ator que deu a voz e os movimentos ao personagem sem que suas partes íntimas tenham servido de referencia.

Como confessa Glenn Close, o nu não é nada de novo. “Quando vêem seus seios na tela em seguida dizem que você é uma atriz valente”, comenta, citando Julianne Moore e Penélope Cruz como exemplos. Ela mesma se desnudou em The Big Chill. Mas isso foi em 1983; desde então a moral e a Internet mudaram as regras do jogo. Por cada Holly Hunter (The Piano) ou Halle Berry (Monster’s Ball) capazes de desnudarem-se são mais numerosas as que, como Scarlett Johansson ou Jessica Alba, deixam claro em seus contratos que não tirarão a roupa.

Ainda assim se nota no ar a mudança. “Estou pensando em incluir um nu frontal para meu próprio personagem mesmo que seja só como uma revolta contra o puritanismo”, asegura Peter Tolan, criador e produtor da série Rescue Me. Também se vê algo de rebeldia entre as atrizes que vão se somando a essa revolução, na qual entra até mesmo Jennifer Aniston, com sua recente seção fotográfica para a revista GQ vestindo apenas uma gravata.

Grandes Nomes do Blues 7 – Lonnie Johnson


Alonzo “Lonnie” Johnson sempre foi classificado como guitarrista e, só no final de seus dias, aceitou essa classificação a contragosto. Não há duvidas de que foi um músico consumado, suficientemente hábil para mover-se entre o jazz, a música popular e o blues, e suficientemente inovador para dar-lhe nova cara e trazer idéias improvisadas a todo o material que caía em suas mãos.

Johnson nasceu dia 8 de fevereiro – provavelmente de 1894 – no seio de uma família de músicos de New Orleans. Ainda jovem, começou a atuar (violino e piano) com seus pais nos arredores da cidade. Em 1917, ano em que comprou sua primeira guitarra, realizou uma turnê pelo estrangeiro com a Will Marion Cook’s Syncopated Orchestra e, ao regressar a casa, encontrou toda sua família – com exceção de seu irmão James – morta devido à epidemia de gripe de 1918. James e ele deixaram St. Louis e foram tocar com os grupos de Fate Marable e Charlie Creath com os que Johnson editaria um disco em 1925.

“Lonnie Johnson era um de meus guitarristas favoritos... De alguma forma, preencheu o vazio entre o blues e o jazz.”Catfish Keith

Também em 1925, Johnson ganhou um concurso de blues promovido pela Okeh Records, cujo primeiro premio era um contrato discográfico. Acabaria editando para o selo, segundo suas memórias, 572 faixas (não todas) de blues. Mesmo assim, trabalhou, e às vezes gravou, junto aos todo-poderosos jazzistas Eddie Lang, Louis Armstrong e Duke Ellington.

Como intérprete de blues, Johnson cantava com uma voz palpitante e ligeiramente fina, muito apropriada para suavizar as letras, muitas vezes violentas e misóginas. Sua aparente frieza elevava o tom de suas ameaças quando cuspia ultimatos como “mulher, sai da minha frente/ou te surrarei até te derrubar” (da música “Cat You Been Messin’ Around”) com os olhos em branco e uma serenidade de além-túmulo. Interpretava inclusive despreocupadas baladas como “Careless Love” (“vou te disparar e disparar quatro ou cinco vezes/e te pisarei até que você morra”). A flexibilidade e o estilo de sua voz, temperada por sua guitarra, amplificaram seu lirismo junto à improvisação e ao swing.

Em 1948, Johnson arrasou nas listas de R&B com “Tomorrow Night”, uma balada sentimental, seguida de vários êxitos mais tradicionais. Ainda assim, durante sua turnê de 1952, era apresentado como “cantor de blues” mesmo que, pouco depois, devido às inconstâncias da indústria discográfica, viu-se obrigado a buscar um trabalho durante o dia. No começo dos sessenta, já “redescoberto”, tocava freqüentemente em cafeterias ou era chamado a especiais junto a outros blueseiros como Muddy Waters ou Big Joe Williams. Dizia-se que nesses ambientes Johnson se mostrava arrogante, mas o público adorava suas engenhosas versões sobre blues tradicionais. Em 1967, realizou suas últimas gravações para Folkways.

Lonnie Johnson morreu dia 6 de junho de 1970 de um derrame cerebral em virtude de um acidente de carro. Apesar de entrar no Blues Hall of Fame em 1997, nunca desfrutou do mesmo prestígio que Blind Lemon Jefferson, Charley Patton ou Robert Johnson, mesmo que sua influência seja como mínimo igual de importante que a destes. Também se diz que Robert Johnson gostava tanto de sua música que às vezes se apresentava como parente seu. O rastro que deixou Lonnie em quanto à fusão do blues com a sensibilidade do jazz foi reproduzida no trabalho do mal humorado Charlie Christian, de T-Bone Walker e de muitos outros, incluídos os devotos de Walker, como B.B. King. Sem sombra de dúvidas, Johnson foi um pioneiro do blues e uma figura indispensável na evolução da principal música popular americana.

Baixe aqui e escute Lonnie Johnson:

01 - Sweet Woman You Can't Go Wrong
02 - Life Saver Blues
03 - Blue Ghost Blues
04 - Saint Louis Cyclone Blues
05 - Low Land Moan
06 - I'm So Tired Of Living All Alone
07 - When You Fall For Someone That's Not Your
08 - Way Down That Lonesome Road
09 - Sundown Blues
10 - Baby Please Don't Leave Home No More
11 - Racketeer's Blues
12 - I'm Nuts About That Gal
13 - Why Woman Go Wrong
14 - Trust Your Husband
15 - Four-O-Three Blues
16 - She's Only A Woman
17 - Don't Be No Fool
18 - Get Yourself Together

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sexta-feira, 6 de março de 2009

Detalhes da Crise


Devido a uma exposição dedicada ao arquiteto estrela, Richard Rogers (premio Pritzker em 2007) está em Barcelona, e se mostra afetado pela crise que, em suas próprias palavras, “atingiu de forma especial aos arquitetos”. Nos últimos dias, Rogers anunciou a demissão de 35 das 170 pessoas que trabalham em seu escritório de Londres. “Foi a decisão mais triste que tive que tomar em toda minha carreira, pois sempre acreditei em equipes e considero a nossa como uma comunidade”, lamenta. “A maioria dos projetos que temos não foram cancelados ou parados, mas muitos avançam tão lentamente que não podemos manter as pessoas durante esse tempo indefinido esperando que tudo volte ao normal.”

Rogers considera que politicamente são necessários mais investimentos no setor publico “para trabalhar no desafio de mudar o futuro com mais escolas, habitação social, melhoria das redes de transporte e de energia”, assim como melhorar o sistema atual de funcionamento das construtoras e incorporadoras.

Ainda segundo Rogers, pioneiro reivindicativo de uma arquitetura sustentável, a crise pode servir para acelerar algumas dessas mudanças, como o uso de elementos pré-fabricados para a redução de custos, ou apostar por cidades compactas que permitam o máximo uso do transporte público.

Como a crise ainda não afeta dessa forma os países em desenvolvimento, os arquitetos brasileiros terão que continuar sonhando por muito tempo com o dia em que isso aconteça por terras tupiniquins. Quando possam reivindicar algo do poder público com a certeza de que serão ouvidos, principalmente na tentativa de reduzir o poder que detém hoje os incorporadores e construtores. Ainda mais porque, sejamos claros, no Brasil o arquiteto não manda nada. E isso seguirá assim enquanto não tenhamos um órgão representativo exclusivo e eficaz.

Grandes Nomes do Blues 6 – Blind Lemon Jefferson


Normalmente citado como o primeiro intérprete de folk blues, Blind Lemon Jefferson foi muito mais que isso: foi a primeira estrela do blues americano. A importância de seus discos para a Paramount – diz-se que foram vendidas mais de 100.000 cópias – converteu Jefferson em uma celebridade muito além do circuito sulista do blues.

Jefferson nasceu em Couchman, Texas, provavelmente em 1897, e provavelmente “Lemon” era seu verdadeiro nome. Talvez durante sua juventude tenha sido parcialmente cego. Foi um autodidata que aprendeu a tocar a guitarra muito cedo, tanto que já adolescente viajou a Dallas para tocar nas esquinas, bares e bordéis do amplo distrito de ócio Deep Ellum, ao lado da Rua Elm, no bairro afro-americano da cidade. Colaborou durante algum tempo com Huddie “Leadbelly” Ledbetter, até este ser preso em 1918.

Em 1925, alguém – provavelmente o pianista Sammy Price – o recomendou aos caça-talentos da Paramount, aonde Jefferson acabou gravando por volta de 100 músicas (contando versões alteradas) e editando 42. Em 1927 também se deixou querer brevemente pela Okeh Records, oferecendo-lhes uma versão da já famosa “(That) Black Snake Moan” e a primeira versão de “Match Box Blues” a qual se empenhou em fazer uma nova versão para a Paramount. Foi tamanha sua popularidade que a Paramount adornou alguns de seus discos, emoldurando sua foto mais famosa e cercando-a de brilhantes limões.

“Lemon era gordo, sujo e libertino, mas sua voz trouxe o mais excitante country blues dos anos vinte.”Samuel Charters

Resumindo, Jefferson agia como a estrela que era. Acostumado a viajar sozinho, comportava-se como um dandy: bem trajado, exigia respeito por onde passava e uma remuneração adequada (uma de suas citações preferidas era “Don’t Play Me Cheap!”). Mesmo que a maioria de suas músicas mais famosas (“Tin Cup Blues”, “’Lectric Chair Blues”, “Match Box Blues”) representavam um homem sofrendo sob condições opressivas, seu perfil musical era o de um sobrevivente nato. Sua entonação era alta e flexível, e sua dicção frágil, porém segura. Suas letras refletiam os desejos, paixões e a luta diária da classe trabalhadora negra com uma crueza quase poética sem precedentes no mundo discográfico.

Como guitarrista foi um perfeito inovador que soube extrair todo o néctar dos 12 compassos, utilizando-a normalmente, ao menos em seus discos. Ao criar vozes distintas através de marcas graves e ao interromper às vezes o fluir do ritmo com giros em uma só corda, sua interpretação se acercava ao contraponto do pianista que sem duvida havia escutado quando jovem nas bodegas do Deep Ellum.

Em dezembro de 1929, Jefferson foi encontrado morto em uma calçada de Chicago, aparentemente depois de perder-se no meio de uma tempestade de neve e sofrer um ataque do coração. O pianista Will Ezell levou o corpo ao Texas, aonde foi enterrado no cemitério de Wotham, próximo ao seu lugar de nascimento.

Pouco tempo depois, o reverendo Emmet Dickinson gravou o que certamente seria o primeiro disco-homenagem da história do blues: um sermão intitulado “The Death of Blind Jefferson”. Que um artista com uma trajetória de apenas meia década receba tal tributo póstumo é algo notável, e que seja editado por um representante da igreja, o sustenta (levando em conta que na época, aos cristãos era recomendado evitar o blues). Porém as palavras de Dickinson souberam comover a todos aqueles que durante anos tinham escutado os discos – e dançado nos espetáculos – de Jefferson: “Blind Lemon Jefferson morreu, e hoje o mundo chora sua perda... Há um vazio em nossos corações que nunca será preenchido.”

Baixe aqui e escute a "The Best of Blind Lemon Jeffeson":

01. Match Box Blues
02. That Crawlin' Baby Blues
03. Hot Dogs
04. Corrina Blues
05. Rambler Blues
06. Rabbit Foot Blues
07. Dry Southern Blues
08. 'Lectric Chair Blues
09. One Dime Blues
10. Got The Blues
11. See That My Grave's Kept Clean
12. He Arose From The Dead
13. Black Horse Blues
14. Prison Cell Blues
15. Booster Blues
16. Bed Spring Blues
17. Jack O' Diamond Blues
18. Beggin Back
19. Wartime Blues
20. Easy Rider Blues
21. How Long How Long
22. Long Lonesome Blues
23. I Want To Be Like Jesus In My Heart

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About a son (Aj Schnack, 2006)


Acabo de rever o documentário “About a Son” e não posso deixar de postar ao menos uma nota sobre ele. Aos que ainda não o viram, não percam a oportunidade. Está baseado nas mais de 25 horas de entrevistas tomadas pelo jornalista musical Micheal Azerrad entre 1992 e 1993 com Kurt Cobain, que geraram o livro-referencia “Come As You Are: The Story of Nirvana” do mesmo entrevistador. Recomendo mesmo para os que nunca tenham gostado de Nirvana e que não suportam sua música – sabendo que foi uma das maiores bandas de rock do mundo e que mudou seu rumo com um dos estilos mais interessantes desde o punk rock, queira você ou não.

No filme não há nenhuma música da banda – e a trilha sonora é espetacular, incluindo “The Bourgeois Blues” de Leadbelly, grande nome do blues que será postado em breve - nenhum vídeo, e apenas algumas fotos de Kurt. Não é especificamente um filme sobre o Nirvana ou sobre sua música. Está centrado essencialmente em Kurt, em sua vida. São imagens belíssimas sobrepostas à voz em off do músico que compõem sua história através de memórias, indagações, críticas, indignações, opiniões e dúvidas de um ícone que influenciou notavelmente gerações até os dias de hoje. São imagens quase poéticas que expõem o mundo aonde ele vivia, aonde andava, aonde se sentia um ser estranho e que nos dá algumas pistas das circunstancias que o levaram a ser o astro que foi.

Que sua morte foi uma perda irreparável para o rock? Teria ele inovado tanto ou criado coisas mais surpreendentes se continuasse vivo? Não sei. É bem provável, tendo em vista o que nos deixou durante sua curta vida. Suposições são fáceis de serem propostas, mas o que interessa são os fatos. O que interessa é o que foi feito, o que nos resta, e seu legado ainda não foi igualado no mundo do rock até hoje.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Grandes Nomes do Blues 5 – Leroy Carr


A vida e a carreira do vocalista e pianista Leroy Carr desmentem o mito de que os músicos de blues acústico da pré-guerra eram inevitavelmente rurais ou primitivos. Carr nasceu no 27 de março de 1905 em uma plantação em Nashville, Tennessee, e seu pai trabalhava como zelador na Universidade de Vanderbilt. Após a separação de seus pais, sua mãe o levou junto com sua irmã a Indianapolis (conhecida na língua nativa como “Naptown”), um dos centros vitais da industria automobilística da época.

O jovem Leroy aprendeu a tocar o piano e deixou a escola muito cedo para buscar a vida: viajou com o circo, se alistou no exército a trabalhou no pirateio, mas por volta de 1925 já era um artista profissional que atuava em festas privadas e clubes da avenida Indiana, a primeira região com casas de festa para negros de Indiana. Conheceria aí ao guitarrista Francis “Scrapper” Blackwell (1903-1962) com quem compartiria sua sensibilidade musical urbana, contemplativa talvez. De fato, ambos desenvolveram uma misteriosa telepatia musical que os permitia intercalar refinadas melodias com gritos estridentes que prendiam o público nas pistas de baile.

Em 1928 a dupla teve sua primeira seção de gravação para o selo Vocalion e seu primeiro tema, “How Long, How Long Blues” seria o melhor. Uma melancólica mistura de metáforas sobre a perda e a resignação – trens solitários apitando, amantes que se vão, vistas de montanhas desoladas – sofisticada no sentimento, com uma letra suficientemente rural para chegar ao coração de qualquer. Em Mississipi, Robert Johnson, como muitos outros, sentiu devoção por Carr e Blackwell e a dupla converteu-se rapidamente na mais popular do blues. Ao êxito inicial somaram-se outras gravações com a marca indiscutível da rica e emotiva voz de Carr – “Naptown Blues”, “Rocks in my Bed”, “We’re Gonna Rock”, “Mean Mistreater Mama”, “Blues Before Sunrise” – que não venderam tanto como “How Long...” mas foram suficiente para que a carreira da dupla se alargasse por mais sete anos.

“Estou apaixonado por Leroy Carr. Posso tocar suas músicas toda noite sem me importar se as pessoas gostam ou não.”Barrelhouse Chuck

O blues nunca foi uma saída fácil e tanto Carr como Blackwell (que tinham pirateado discos antes de interpretar) eram grandes bebedores. Sua última atuação juntos foi por volta de fevereiro de 1935, e Carr morreu em decorrência de seu alcoolismo agudo apenas dois meses depois. Seu colega seguiu lutando por conta própria, porem abatido pela perda e sem inspiração, só chegou a ser “redescoberto” em 1959, coisa que lhe permitiu desfrutar de um breve regresso a pesar de morrer poucos anos depois.

Aparte de sua inegável influencia sobre Robert Johnson e outros (em “Love in Vain” de Johnson se intuem os ecos tanto de “How Long...” como de outro tema de Carr/Blackwell, “When The Sun Goes Down”) a da popularidade que a dupla alcançou em seu auge (entre seus muitos fãs negros estava Blind Lemon Jefferson) Leroy Carr está sub-valorizado hoje em dia: talvez por ser de uma cidade do norte que não Chicago ou Detroit, ou talvez por seu estilo muito sutil para os que insistem em associar o blues com emoções impactantes ou com um certo “primitivismo”. Em seu silencioso caminho, Leroy Carr ganhou com honras um lugar na história junto a Jefferson, Lonnie Johnson, Bessie Smith, e todos aqueles que ajudaram a modernizar o blues nos anos vinte.

Baixe aqui e escute a música de Leroy Carr:

01 - I'm Going Away And Leave My Baby
02 - Tennessee Blues
03 - Truthful Blues
04 - You Don't Mean Me No Good
05 - Mean Old Train Blues
06 - Prision Bound Blues
07 - Naptown Blues
08 - Gettin' All Wet
09 - Carried Water For The Elephant
10 - Papa Wants A Cookie
11 - Four Day Rider
12 - Low Down Dog Blues
13 - What More Can I Do?
14- I Keep The Blues
15 - Longing For My Sugar
16 - Bread Baker

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Marisa


Se em seu blog Marcelo Rubens Paiva se declara um apaixona confesso de Kate Winslet desde Titanic, eu não poderia deixar de aproveitar esse momento de confissões e ficar calado. Da mesma forma que a estréia de The Reader o levou a tal revelação, a minha é provocada também por outra estréia na esteira dos Oscar, no caso The Wrestler. Sim, eu amo Marisa Tomei. Desde My Cousin Vinny.

Antes de mais nada, não tenho nada contra Kate Winslet. Aliás, assino em baixo todos os comentários de Marcelo a respeito dela, tanto seus dotes como atriz como seus dotes físicos. Com exceção a dois deles, nos quais Marisa se destaca. O fato de Kate ter se casado com Sam Mendes – “um cineasta baixinho, feio e genial “– para mim fica por demais convencional comparada à solteirice de Marisa, que aos seus 44 anos continua pegando o cara que ela quiser, na hora que ela quiser, e quando ela quiser. E não por isso freqüenta as capas de revistas de fofoca ao lado de beldades masculinas, mas se mantém a margem disso, dessa autopromoção constante que pode se converter o sucesso. E o outro comentário no qual discordo dele é quando diz que o sotaque britânico é uma das coisas mais excitantes que há. Péra lá Marcelo, isso é como o cara que curte geléia de mocotó. Você pode até gostar, mas não tente dizer ao mundo que isso é bom.

Marisa é uma atriz espetacular, que não só ganhou um Oscar precoce, mas que depois ainda foi nominada pelo Screen Actors Guild em Unhook the Stars (1996), ao Oscar por In the Bedroom (2001) e agora ao Globo de Ouro, ao BAFTA e ao Oscar por The Wrestler (2008). Participou ainda de grandes filmes como Chaplin (1992), Welcome to Sarajevo (1997), Factotum (2005), Before the Devil Knows You’re Dead (2007), além de comédias como What Women Want (2000), The Guru (2002) e Anger Management (2003), e participações especialíssimas em Seinfeld e nos Simpsons.

Mas aparte disso tudo, ela tem uma beleza espontânea, natural, aquela que uma mulher nunca perde. Normal, plausível, real, longe de mitos da beleza. E são por essas coisas, entre outras, de porque eu amo Marisa Tomei.

Confira a matéria de MRP em http://blog.estadao.com.br/blog/marcelorubenspaiva/?title=i_love_kate&more=1&c=1&tb=1&pb=1

quarta-feira, 4 de março de 2009

Grandes Nomes do Blues 4 – Gus Cannon


Gus Cannon foi um dos precursores do blues e se converteu em figura central das jug bands de Memphis, e se a lenda de suas gravações feitas em 1898 é verídica, poderia ter sido o primeiro artista de blues a ser gravado.

Falar de jug bands é falar de uma forma muito particular de se fazer música. Os jugs eram garrafões de diferentes tamanhos utilizados para um som grave que faziam parte de seus instrumentos, em grande parte construídos pelos próprios músicos, como pentes, jarras, tábuas de lavar e kazoos (instrumento de origem africana que modifica o som da voz através de uma membrana vibrante) junto com gaitas, banjos, violinos, violões e bandolins. Sua música era geralmente muito alegre, em oposição ao estilo mais profundo do Delta blues. Memphis parece ter sido o berço das jug bands pela peculiaridade de ser uma cidade de confluência e de passo rumo ao norte, tanto para quem vinha do Mississippi como para os que vinham do leste dos Apalaches.

Com o apelido de Banjo Joe, Cannon atuou na década de 1910 e 1920 em campanhas médicas e gravou seus primeiros discos com esse nome.

Em 1928, Cannon se inspiraria no êxito da Memphis Jug Band, para, com um novo nome – Victor, formar os Cannon’s Jug Stompers. Entre as músicas recuperadas posteriormente pelos novos puristas do folk, se encontra “Walk Right In”, que se converteu em número um das listas da Rooftop Singers nos EUA.

Tal notoriedade animou Cannon a gravar um álbum para a Stax Records em 1963, mas sua contribuição no ressurgir do blues na década de setenta foi bastante limitada.

Baixe aqui o cd 4 do Box Set "Memphis Jug Band with Cannon's Jug Stompers" de 2005 e escute os Cannon’s Jug Stompers:

01 - Minglewood Blues
02 - Big Railrood Blues
03 - Madison Street Rag
04 - Springdale Blues
05 - Ripley Blues
06 - Pig Ankle Strut
07 - Noah's Blues
08 - Hollywood Rag
09 - Heart Breakin' Blues
10 - Feather Bed
11 - Cairo Rag
12 - Bugle Call Rag
13 - Viola Lee Blues
14 - Riley's Wagon
15 - Last Chance Blues
16 - Tired Chicken Blues
17 - Going to Germany
18 - Walk Right In
19 - Mule Get Up in the Alley
20 - Rooster's Crowing Blues
21 - Jonestown Blues
22 - Pretty Mama Blues
23 - Bring It with You When You Come
24 - Wolf River Blues
25 - Money Never Runs Out
26 - Prison Wall Blues

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Quando o rock encontra o samba



Valeu Fe!

terça-feira, 3 de março de 2009

Grandes Nomes do Blues 3 – Mississippi John Hurt


John Hurt (1892-1966) foi um vocalista e guitarrista de Avalon, Mississippi, que se destacou na tradição das baladas de folk negro pré-blues, no gospel e na instrumentação para bailes, e que passou a maior parte de sua vida trabalhando em fazendas ou tocando em festas locais.

Sua primeira oportunidade para gravar chegou em 1928, depois que o duo violino/guitarra – Narmour e Smith – recomendasse ao selo Okeh Records um talentoso guitarrista negro que conheciam.

“O vi em Newport no ano de 1963 y me encantou: sua voz, sua cara, sua atitude, sua tenra inocência, seus pensamentos tão profundos; tinha me perdido, me perdido dentro do mundo de John Hurt”Dick Waterman

Hurt não só contribuiu para pautar o blues com canções como “Candy Man” e “Avalon Blues”, mas também ajudou a revitalizar lendas do folk como Casey Jones, Frankie & Albert e Stack O’Lee.

Hurt gravou 13 temas para a Okeh Records em 1928 e logo após essas gravações abandona a música para buscar trabalho na época da grande depressão, voltando a dedicar-se a ela novamente trinta anos depois. O CD abaixo é "Avalon Blues", de 1963, o primeiro gravado após seu retorno. Baixe aqui e escute a melancólica voz e a hipnótica guitarra de Mississippi John Hurt:

01. Avalon Blues
02. Richland Woman Blues
03. Spike Driver Blues
04. Salty Dog
05. Cow Hooking Blues
06. Spanish Fandango
07. Casey Jones
08. Louis Collins
09. Candy Man Blues
10. My Creole Belle
11. Liza Jane (God's Unchanging Hand)
12. Joe Turner Blues

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REPORTAGEM PUBLICADA NO JORNAL EL PAIS
A CULTURA JÁ É DE MASSA
Títulos de qualidade se mesclam entre “Best-sellers” e filmes e séries sucesso de bilheteria são bem avaliadas pela crítica – Diminui a distancia entre a elite e o gosto popular?
Abel Grau 03/03/2009

Certamente, nenhum crítico cultural faria qualquer objeção ao seguinte menu: para ler, Vida e destino, de Vasili Grossman; para ver na televisão, The Wire; no cinema, Wall-E (Andrew Stanton); para ouvir, Kind of Blue, de Miles Davis; e para uma tarde de museu, Velázquez. Poderiam ser essas as preferências de um intelectual elitista, mas já o são também as de um público cada vez maior. E mais seleto. Livros, series de televisão e filmes de qualidade se convertem em blockbusters graças a esses cidadãos que cada vez lêem mais e freqüentam bibliotecas e museus. Somos cada vez mais cultos?

Os títulos acima não foram eleitos ao azar. São obras que receberam elogios unânimes da crítica e que se converteram em êxitos de público. A novela Vida e destino, sobre as entranhas do totalitarismo soviético, vendeu mais de 160.000 exemplares desde setembro de 2007. Os DVD’s da primeira temporada de The Wire, série convertida em obra de culto, esgotaram-se no Natal.

Editores e psicólogos sociais coincidem em que o nível cultural médio aumentou e, mesmo frente a críticos céticos, existem indícios de uma tendência minoritária, porém crescente: a elevação do gosto cultural popular. “O leitor é mais seleto; nas listas encontramos o Best seller de sempre, mas também a intromissão de clássicos”, diz Antonio Maria Ávila, diretor executivo da Federação de Gremios de Editores de España (FGEE).

O medidor fundamental do nível cultural é a leitura, “a chave do conhecimento na sociedade da informação”, segundo escreve no especialista em cultura digital José Antonio Millán em La lectura y La sociedad del conocimiento. “A colossal acumulação de dados que constitui a sociedade digital não será nada sem pessoas que os juntem, integrem e assimilem. E isso não será possível sem habilidades avançadas de leitura”.

Felizmente, os índices constatam que na Espanha se Le cada vez mais: a porcentagem dos que lêem freqüentemente (quase todos os dias ou de uma a duas vezes por semana) passou dos 36% em 2000 para 41% em 2007. Consulta-se mais Internet e lêem-se mais jornais. “Estamos vendo um crescimento importante no número de leitores de diários eletrônicos nos últimos anos”, resume Millán em Los modos de la lectura digital. “De fato, em apenas seis anos o número de leitores de imprensa virtual aumentou em mais de três milhões”. Cuidado: “O nível de leitura freqüente ainda é baixo em comparação com a média européia, e sobre tudo com os países nórdicos, algo em torno dos 70%”, admite Ávila. “Mas deve-se levar em conta que os países do centro e norte europeu alcançaram a alfabetização total na população de até 16 anos em 1955, e a Espanha há quatro anos”.

Um retrato do leitor médio é o de uma mulher por volta de 30 anos, com estudo superior e vivendo em uma zona urbana. O grau de leitura é bom entre os mais jovens, mas vai caindo à medida que vão crescendo.

Os dados das bibliotecas públicas também convidam ao otimismo. Segundo o informe Las bibliotecas públicas em España. Dinámicas 2001-2005, do Ministério de Cultura, a freqüência aumentou um 53%, passando de 1,49 visitas por habitante a 1,98; de 31,7 milhões de empréstimos a 49,4 milhões. Dados consideráveis, porém longe da média européia (4,9 visitas). E poderiam ser mais, aposta Ávila, se contássemos com uma rede bibliotecária maior. “Carecemos de bibliotecas como as do cinema negro dos anos quarenta, aonde os investigadores iam no meio da noite e encontravam tudo o que buscavam”.

Um aumento parecido, porém menos pronunciado, se deu nas visitas a museus, a shows (de música clássica e atual), ao teatro e à dança, que ganharam em espectadores e em arrecadação, segundo a última pesquisa de Hábitos y prácticas culturales do Ministério. O Museu do Prado, maior pinacoteca da Espanha, passou dos 2.318.525 visitantes em 2003 aos 2.759.029 em 2008. Também se vê uma boa acolhida à ópera, talvez a última arte que conserva sua aura de distinção. “É um resumo das linguagens artísticas; une a música, o teatro, a dança, as artes plásticas”, opina Joan Francesc Marco, diretor geral do Gran Teatro Del Liceo, de Barcelona. “Desfrutar dela requer um esforço, como ler Ulisses, de Joyce”. O teatro barcelonês mantém uma ocupação que oscila entre o 88,5% da temporada 2003-2004 e o 91% da 2007-2008”.

“Como média, entre hoje e trinta anos atrás, o crescimento cultural é evidente”, opina Francisco Chacón, professor titular de Psicología Social da Universidad Complutense de Madrid. “Antes havia um desnível notável entre uns poucos bem preparados e uma maioria que não alcançava a excelência do conhecimento”, acrescenta. “Essa distancia foi diminuída e o nível cultural foi democratizado”.

É só dar uma olhada nas listas de livros mais vendidos. Já não se trata apenas dos previsíveis Best Sellers da cada temporada. As duas primeiras posições são ocupadas há duas semanas pelos dois primeiros capítulos da trilogia Millenium, do falecido repórter sueco Stieg Larsson, que foi recebida com aplausos quase unânimes da crítica. Foram despachados mais de 830.000 exemplares desde a primavera passada. E tem mais. Entre eles, Gomorra, do jornalista italiano Roberto Saviano, que se adentra na organização criminosa da Camorra, vendendo perto de 300.000 cópias. O mesmo aconteceu recentemente com O mundo clássico, um volumoso ensaio sobre a antiguidade grecolatina do erudito britânico Robin Lane Fox que acumula 40.000 vendas desde 2007, ou com Ensaios de Michel de Montaige, obra prima da literatura universal, um autentico blockbuster.

As séries de televisão também são compradas com tino. Entre as dez mais vendidas na Fnac em 2008 se encontram Lost, Rome, The Office e The Sopranos, uma quadra vencedora de críticas. “A tendência hoje é dada pelo tamanho da televisão que se tem em casa”, observa o crítico de televisão Hernán Casciari. “Os adultos preferimos ficar no sofá e ver coisas boas, e vamos ao cinema só para levar aos filhos comer pipoca”. Seu parecer é claro. “A oferta é melhor na televisão. Alguém requintado, hoje em dia, fica em casa com seu DVD”.

Os críticos, ainda assim, matizam qualquer triunfalismo. “É um fenômeno repetido em quase todas as épocas. Também foram êxitos Cem anos de solidão, de Gabriel García Marquez, e Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar, ou, por citar um caso recente, o livro de contos de Alberto Méndez Los girasoles ciegos, talvez o primeiro livro de contos espanhol convertido em Best seller”, lembra Fernando Valls, professor de Literatura espanhola contemporânea da Universidade Autônoma de Barcelona. “Não considero que o que se entende por alta cultura esteja atingindo o público de massa, adoraria vê-lo”. O mesmo pensa Millán: “Em respeito à literatura, acredito que se trata de casos isolados”.

O público é livre, insiste Ávila. “As pessoas escolhem sua leitura por recomendação e a crítica não é relevante. O que acontece é que primeiro o livro se torna um sucesso e depois os críticos falam dele, como aconteceu com Soldados de Salamina, de Javier Cercas, ou com a própria Vida e destino, de Grossman”.

O mesmo acontece no cinema, aonde o grande público tem ocupado o lugar do crítico. “Nos últimos anos a popularidade de um filme converteu-se num excelente indicador, não só do seu valor como entretenimento, mas também de sua qualidade”, escreve Richard Corliss na revista Time. Os blockbusters conseguiram a difícil junção de qualidade e popularidade. “Os filmes indie estancaram-se e tornaram-se flácidos. As superproduções são mais inteligentes, misturando qualidade narrativa aos melhores efeitos visuais. Para ser claro, o cinema de ação uniu-se a arte. Quanto maior, melhor”. E cita o caso de Wall-E, fábula de amor robótico da Pixar, ganhadora de inúmeros prêmios, que arrecadou mais de 500 milhões de euros em todo o mundo, e foi o segundo DVD mais vendido na Fnac no natal passado; The Dark Knight, de Christopher Nolan, líder mundial de arrecadação (e que, goste ou não, acumulou resenhas entusiasmadas dos principais críticos americanos), e Iron Man, de Jon Favreau, um filme “mais inteligente do necessário”, segundo Time.

Tudo é questão de gosto. Segundo Román Gubern, catedrático de Comunicação Audiovisual da Universidade Autônoma de Barcelona, “Deve-se contar com a extensão da comunicação de massas nos países subdesenvolvidos, que capta cada vez mais adeptos para as obras elitistas: livros, música, etc. Ao fim e ao cabo, foram editadas no mundo mais gravações de Richard Wagner que da Madonna. E muitas vezes nos esquecemos disso”.

O debate sobre a melhoria ou não do nível cultural da sociedade foi a questão central de uma serie de reportagens feitos há uma década pelo diário britânico The Guardian. O resultado foi positivo. “Afastados da decadência, somos mais inteligentes que nossos avôs ou bisavôs. Milhões de mulheres estão muito melhor educadas do que as gerações anteriores podiam sonhar, e suas habilidades mentais estão muito mais desenvolvidas graças à sua incorporação ao mercado de trabalho”, afirmava a jornalista Madeleine Bunting em 2000. “Temos um leque de informação muito maior que nossos progenitores: muito mais gente está familiarizada, mesmo que de maneira básica, com milhares de matérias”.

Mais inteligentes que nossos avôs? Deve-se analisar o conceito de inteligência, afirma o psicólogo social Chacón. “Inteligência é a capacidade de adaptação ao meio, o que requer habilidades que variam a cada momento”. Assim, as tecnologias de informação e comunicação (TIC) requerem destrezas diferentes. “Os jovens de hoje não são tão incultos em sentido absoluto, mas valorizam menos a memória, por exemplo, e valorizam mais as TIC; mas é porque talvez isso suponha uma melhor adaptação, porque talvez isso seja o que lhes peçam no trabalho”.

O que acontece, finalmente, é que existe uma oferta cultural maior que nunca. E o consumidor é intelectualmente maduro para saber o que eleger, escreveu o crítico Euan Ferguson. “Hoje podemos ler livros mais difíceis e complicados e logo após escolher algo suave para relaxar-nos. Podemos gravar um documental de duas horas sobre a Bósnia e um capítulo de uma comédia medíocre. Nada mais é vergonhoso, podemos ter tudo”.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Grandes Nomes do Blues 2 – Ma Rainey


Gertrude “Ma” Rainey - “A mãe do blues” – já vinha cantando blues duas décadas antes de que a Paramount editasse, em 1923, suas canções mais influentes. Inclusive reivindicou o nome de “blues” para o estilo depois de ouvir cantar a uma menina no Missouri em 1902, aonde Rainey atuava em uma feira.

Nascida dia 26 de abril de 1886 como Gertrude Pridgett, Rainey começaria ainda em idade escolar a atuar em sua Columbus natal, Georgia, antes de juntar-se a vários espetáculos itinerantes de variedades, trabalhando para os teatros sulistas em carnavais e festas populares. Se casou com William “Pa” Rainey em 1904 e se apresentaram como “Rainey and Rainey, Assassinators of the Blues”. Quando a Paramount a contratou, Rainey já era conhecida por suas espetaculares apresentações, sua devoção por jóias e por seu estilo de vida estravagante, além de já ser uma das cantoras mais famosas do sul.

Rainey ajudou a marcar o caráter e o estilo do blues nos seus primórdios, e seu papel e relevância no gênero foram crescendo durante sua curta e prolífica carreira (1923-1928). Seus discos não só são relevantes pela grandiosidade de sua portentosa voz, mas também pelos incríveis acompanhamentos de aclamados músicos de jazz, blues e jug bands. Ma Rainey tinha um estilo muito mais espontâneo e um ar mais sulista que a maioria das primeiras rainhas do blues, aliados a uma efetividade que lhe permitiu trabalhar com figuras como Tampa Red, Georgia Tom Dorsey e Blind Blake, ou com músicos de jazz. Aposentou-se em 1935 e morreu quatro anos depois, mas sua influencia é evidente na obra de sua discípula Bessie Smith e de muitos outros. Entre os clássicos de Rainey encontramos a versão original de “See See Rider”, “Bo-Weavil Blues”, “Moonshine Blues” e “Ma Rainey’s Black Bottom”.

Baixe aqui e escute o cd "Black Bottom" da mama:

01. Oh Papa Blues
02. Black Eye Blues (Take 1)
03. Ma Rainey's Black Bottom
04. Booze And Blues
05. Blues Oh Blues
06. Sleep Talking Blues (Take 1)
07. Lucky Rock Blues
08. Georgia Cake Walk
09. Don't Fish In My Sea
10. Stack O'Lee Blues
11. Shave 'Em Dry Blues
12. Yonder Come The Blues (Take 1)
13. Screech Owl Blues
14. Farewell Daddy Blues

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