terça-feira, 28 de abril de 2009

Martin Scorsese Presents The Blues – A Musical Journey – Box Set


Já que eu comentei sobre a série de filmes, nada mais justo que faça o mesmo com esse Box Set lançado pelo diretor norteamericano em 2003, complementando seu projeto sobre as raízes da música de seu país. Esses cinco discos são sem dúvida uma ótima compilação, uma generosa introdução às gravações, estilos e fases do gênero, em ordem cronológica, desde seu início até o blues tocado atualmente. As primeiras divas, os primeiros compositores, guitarristas slide do Delta, pianistas, jazzistas, poetas, o blues acústico e sua conseqüente eletrificação, suas raízes africanas, gênios da guitarra e alguns nomes recentes, está tudo lá. Logicamente também encontramos ausências terríveis. Todo o amante do blues encontrará algum ídolo esquecido, mesmo porque isso depende do gosto de cada um, e este trabalho está baseado no gosto pessoal de Scorsese e no material contido nos filmes produzidos pelo mesmo. Pode-se notar facilmente que muitos dos temas escolhidos foram regravados por bandas de rock´n roll dos sessenta – e vemos isso claramente nos discos 4 e 5 – e suas razões são óbvias, tendo em conta que Scorsese chegou ao blues através delas – como toda a sua geração. Enfim, na opinião desse que os escreve, o simples fato de um dos grandes diretores de cinema da história criar algo que, na pior das hipóteses, serve para projetar o blues a escala mundial e inspirar novos músicos, já é válido. E com esse blog tento fazer minha pequena contribuição para manter o blues vivo. Aqui estão os cinco discos, deleitem-se:

CD1
01 – Othar Turner & The Rising Star Fife & Drum Band – Shortnin’ Henduck
02 – Lightning & Group – Long John
03 – Mamie Smith – Crazy Blues
04 – W.C. Handy – St. Louis Blues
05 – Bessie Smith – Muddy Water
06 – Blind Lemon Jefferson – Matchbox Blues
07 – Furry Lewis – Billy Lyons & Stack-O-Lee
08 – Ma Rainey – Ma Rainey’s Black Bottom
09 – Blind Willie Johnson – Dark Was The Night, Cold Was The Gound
10 – Louis Armstrong – Savoy Blues
11 – Frank Stokes – Downtown Blues
12 – Mississippi John Hurt – Frankie
13 – Henry Thomas – Fishing Blues
14 – Leroy Carr – How Long How Long Blues
15 – Tommy Johnson – Canned Heat Blues
16 – Blind Willie McTell – Statesboro Blues
17 – Tampa Red & Georgia Town – It’s Tight Like That
18 – Pine Top Smith – Pine Top’s Boogie Woogie
19 – Lonnie Johnson – Guitar Blues
20 – Charley Patton – Pony Blues
21 – Blind Blake – Diddie Wah Diddie
22 – Memphis Jug Band – K.C. Moan
23 – Jimmie Rodgers – Standin’ On The Corner (Blue Yodel #9)
24 – Mississippi Sheiks – Sittin’ On Top Of The World
25 – Son House – Preachin’ The Blues

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CD2
01 – Skip James – Devil Got My Woman
02 – Leadbelly – C.C. Rider
03 – Big Joe Williams – Baby Please Don`t Go
04 – Roosevelt Skykes – Dirty Mother For You (Don’t You Know)
05 – Billie Holiday – Billie’s Blues
06 – Robert Johnson – Crossroad Blues
07 – Sonny Boy Williamson – Good Mornin’ Little School Girl
08 – Bukka White – Shake ‘Em On Down
09 – Joe Turner & Pete Johnson – Roll ‘Em Pete
10 – Robert Petway – Catfish Blues
11 – Count Basie Orchestra & Jimmy Rushing – Going To Chicago Blues
12 – Big Bill Broonzy – Key To The Highway
13 – Memphis Minnie – Me And My Chauffeur Blues
14 – Big Maceo Merriwaether – Worried Life Blues
15 – Tommy McClennon – Cross Cut Saw Blues
16 – Lionel Hampton Sextet & Dinah Washington – Evil Gal Blues
17 – Sister Rosetta Tharpe – Strange Things Happening Everyday
18 – Joe Liggins – Honeydripper Pt.1
19 – Johnny Moore’s Three Blazers & Charles Brown – Drifting Blues
20 – Louis Jordan – Let The Good Times Roll
21 – Arthur Big Boy Crudup – That’s All Right Mama
22 – T-Bone Walker – Call It Stormy Monday
23 – Wynonie Harris – Good Rockin’ Tonight
24 – Jimmy Witherspoon – Ain’t Nobody’s Business, Part One
25 – Johnny Otis Quintette With Little Esther & The Robbins – Double Crossing Blues

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CD3
01 – Memphis Slim – Mother Earth
02 – Percy Mayfield – Please Send Me Someone To Love
03 – Jackie Brenston – Rocket 88
04 – Elmore James – Dust My Broom
05 – Rosco Gordon – No More Doggin’
06 – Little Walter – Juke
07 – Big Mama Thornton – Hound Dog
08 – Lowell Fulson – Reconsider Baby
09 – Guitar Slim – The Things That I Used To Do
10 – Professor Longhair – In The Night
11 – Muddy Waters – Hoochie Coochie Man
12 – J.B. Lenoir – Eisenhower Blues
13 – Fats Domino – Blue Monday
14 – Ray Charles – Hard Times
15 – Smiley Lewis – I Hear You Knockin’
16 – Elvis Presley – Mystery Train
17 – Soony Boy Williamson II – Don’t Start Me To Talkin’
18 – Howlin’ Wolf – Smokestack Lightnin’
19 – Bo Diddley – Who Do You Love
20 – Slim Harpo – I’m A King Bee
21 – Chuck Berry – Johnny B. Goode
22 – Bobby Blue Band – Farther Up The Road
23 – Otis Rush – So Many Roads, So Many Trains
24 – Buddy Guy – First Time I Met The Blues
25 – Jimmy Reed – Big Boss Man

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CD4
01 – Freddie King – Hide Away
02 – Junior Parker – Drivin’ Wheel
03 – John Lee Hooker – Boom Boom
04 – Albert Collins – Frosty
05 – Muddy Waters – You Can’t Lose What You Ain’t Never Had
06 – Howlin’ Wolf – Killing Floor
07 – Son House – Death Letter Blues
08 – Mississippi Fred McDowell – You Gotta Move
09 – Bob Dylan – Highway 61 Revisited
10 – Junior Wells – Hoodoo Man Blues
11 – Koko Taylor – Wang Dang Doodle
12 – John Mayall’s Bluesbrakers – All Your Love
13 – Paul Butterfield Blues Band – I’ve Got A Mind To Give Up Livin’
14 – Jimi Hendrix – Red House
15 – Albert King – Born Under The Bad Sign
16 – Magic Sam – Mama Talk To Your Daughter
17 – Etta James – Tell Mama
18 – The Jeff Beck Group – Ain’t Superstitious
19 – Taj Mahal – She Caught The Katy
20 – Fleetwood Mac – Black Magic Woman
21 – Janis Joplin – One Good Man

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CD5
01 – B.B. King – The Thrill Is Gone
02 – Johnny Winter – Dallas
03 – Derek & The Dominos – Have You Ever Loved A Woman
04 – Hound Dog Taylor & The Houserockers – Give Me Back My Wig
05 – The Allman Brothers Band – One Way Out
06 – Z.Z. Hill – Down Home Blues
07 – Stevie Ray Vaughan & Double Trouble – Pride And Joy
08 – Robert Cray – Smoking Gun
09 – Fabulous Thunderbirds – Tuff Enuff
10 – John Lee Hooker & Bonnie Raitt – I’m In The Mood
11 – Ali Farka Toure – Timbarma
12 – Keb ‘Mo’ – Am I Wrong
13 – Luther Allison – Cherry Red Wine
14 – Peggy Scott-Adams – Bill
15 – Susan Tedeschi – Just Won’t Burn
16 – Los Lobos – Voodoo Music
17 – Bonnie Rait – Round & Round
18 – Cassandra Wilson – Vietnam Blues
19 – Robert Cray & Shemekia Copeland – I Pity The Fool (Live)
20 – Keb ‘Mo’ & Corey Harris – Sweet Home Chicago

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quinta-feira, 23 de abril de 2009

Grandes Nomes do Blues 17 – Sonny Boy Williamson


John Lee Williamson nasceu em Jackson, Tennessee, e aprendeu a tocar a gaita ainda pequeno. Quando adolescente perambulava com Yank Rachell e Sleepy John Estes pelo Tennessee e Arkansas. Em 1934 instalou-se em Chicago e em 1937 foi contratado pela Bluebird. Sua primeira música - “Good Morning Little School Girl” – é um clássico do blues.

Fez-se amigo de Big Bill Broonzy e costumavam atuar juntos em clubes, mas de 1939 a 1945 sua única maneira de ganhar a vida foi através de gorjetas que lhe deixavam na rua Maxwell em Chicago. Felizmente, sua canção “Shake The Boogie” subiu ao número quatro das listas de Race Records. Williamson foi o melhor gaitista da pré-guerra e muito disputado entre artistas para seus discos. Foi assassinado ao sair de um show em 1948 e o testemunho de seu prestígio e profissionalismo foi levado por Rice Miller, ou Sonny Boy Williamson II, como seria conhecido.

Baixe e escute à gaita nervosa de Sonny Boy Williamson no seu cd de 1965 "The Real Folk Blues":

1. One Way Out
2. Too Young To Die
3. Trust My Baby
4. Checkin' Up on My Baby
5. Sad To Be Alone
6. Got To Move
7. Bring It On Home
8. Down Child
9. Peach Tree
10. Dissatisfied
11. That's All I Want
12. Too Old To Think

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Grandes Nomes do Blues 16 – Big Joe Williams


Joe Lee Williams nasceu em Crawford, Mississippi, 16 de outubro de 1903 no seio de uma família de fazendeiros arrendatários. Aos cinco anos já tinha construído sua própria guitarra, com a qual tocava. Com quinze anos vagabundeava pelo sul atuando em espetáculos itinerantes, campanhas médicas, com um grupo ou como solista (1918-1924). Durante os anos 20 vagou pelo Mississippi e Louisiana junto a Little Brother Montgomery em bordéis, campos de cultivo e tavernas, e chegou a gravar com a Birmingham Jug Band em 1930 pelo selo Okeh.

Em 1935 debutou para o selo Bluebird com o clássico “Baby Please Don`t Go” e seguiria gravando acompanhado normalmente por Robert Nighthawk e Sonny Boy Williamson. Apesar de tocar notavelmente tanto a guitarra clássica como a de 12 cordas, ele era muito mais conhecido por rasgar as nove cordas do instrumento que ele mesmo inventou. Não parou de viajar e gravar até sua velhice e morreu no 17 de dezembro de 1982 em Macon, Mississippi.

Baixe e escute ao grande Joe Williams:

1. Worried Man Blues
2. Stepfather Blues
3. Wild Cow Blues
4. Somebody's Been Borrowing that Stuff
5. Stack O'Dollars
6. Providence Help The Poor People
7. Brother James
8. I Know You Gonna Miss Me
9. Rootin' Ground Hog
10. Baby Please Don't Go
11. Highway 49
12. Meet Me Around The Corner
13. Peach Orchard Mama
14. Crawling King Snake
15. North Wind Blues
16. Throw A Boogie Woogie

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Grandes Nomes do Blues 15 – Mississippi Fred McDowell


McDowell nasceu dia 12 de janeiro de 1904 em Rossville, Tennessee, e foi um autodidata que não viveu de sua guitarra até os sessenta anos. Trabalhou na região de Memphis antes de, em 1929, assentar-se em Como, Mississippi, e virar fazendeiro. Não comprou uma guitarra até 1940. Foi Alan Lomax – outra vez ele – quem o descobriu em 1959, e suas primeiras gravações vieram das mãos dos selos Atlantic, Prestige e International.

Chris Strachwitz e a graça de McDowell (especialista em tocar o slide com o pescoço de uma garrafa – bottleneck slide guitar) convenceram à discográfica Arhoolie Records a editar um disco em 1964. Foi o trampolim definitivo para McDowell, que se dedicou integralmente à festivais e ao circuito de folk, o que, até 1971, lhe daria a oportunidade de gravar discos e até aparecer em três filmes e um documentário: Fred McDowell (1969). Foi elogiado por artistas mais jovens como os Rolling Stones, que fizeram uma versão de “You Got to Move” no seu ótimo disco Sticky Fingers de 1971, até morrer de câncer em 1972.

Baixe e escute a Fred McDowell:

01 - Baby, Please Don't Go
02 - Good Morning, Little School Girl
03 - Kokomo Me, Baby
04 - That's All Right, Baby
05 - Red Cross Store Blues
06 - Everybody's Down On Me
07 - 61 Highway
08 - Glory Hallelujah
09 - Jesus On The Main Line
10 - My Baby, She Gonna Jump And Shout
11 - Long Line Skinner
12 - You Gotta Move
13 - The Train I Ride
14 - You Ain't Gonna Worry My Life Anymore

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Grandes Nomes do Blues 14 – Son House


Filho de músico, Eddie James House Jr. nasceu em Rivertown, Mississippi, e já adolescente era um pastor que viajava sem parar. Aprendeu a tocar a guitarra aos 25 anos, fato determinante para contrapor sua fé ao amor pelo blues. Após cumprir pena por matar a um homem em Lyon, House conheceu a Charley Patton, cuja influência na Paramount o ajudou a gravar uma sessão em 1930.

“Uma vez alguém disse que tinha o coração partido de emoção depois ouvir a Caruso. Eu senti o mesmo quando ouvi Son House pela primeira vez.”Martin Scorsese

A intensidade e a paixão de House em canções como “Preachin’ the Blues” não tem comparação, mas infelizmente as vendas foram fracas e ele teve que acompanhar a Willie Brown em shows itinerantes ao longo dos anos 30. Entre 1941 e 1942 gravou para a Library of Congress – de John Lomax – mas no ano seguinte deixou a música e se mudou para Rochester, Nova York. Em 1963 foi “redescoberto”, gravou discos para várias discográficas e não parou de fazer shows durante toda a década, atuando em grandes festivais como o Newport Folk Festival ou o Festival de Jazz de Montreux na França. Deixou a música novamente em 1974 mudando-se para Detroit, Michigan, aonde viviria até sua morte em 1988 devido a um câncer de laringe.

Baixe e escute ao disco 2 do álbum de 1992 "Father of Delta Blues", 12 músicas (incluindo 5 takes alternativos) do predicador do blues:

01 - Death Letter
02 - Levee Camp Moan
03 - Grinnin' In Your Face
04 - John The Revelator
05 - Preachin' Blues
06 - President Kennedy
07 - A Down The Staff
08 - Motherless Children
09 - Yonder Comes My Mother
10 - Shake it And Brake It
11 - Pony Blues
12 - Downhearted Blues

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Eric Clapton – The Blues


Esse disco de 1999 não pode ser considerado exatamente um disco de Eric Clapton, mas sim uma compilação dos melhores blues gravados por ele ao longo de sua carreira, de 1970 nas sessões de Layla até 1980 em seu disco Another Ticket. Encontramos aqui Clapton buscando no seu amado blues um consolo para seu frágil estado de corpo e mente, uma vez que durante Layla ele estava viciado em heroína e, mesmo que abandonando o vício no começo dos 70, passou essa década testando seus limites com o álcool. Muito mais reflexivo que na década anterior, busca inspiração em Muddy Waters, Robert Johnson, Little Walter, Bo Diddley ou Willie Dixon, entre outros, para encontrar o sentido que faltava à música e, principalmente, à sua pessoa.

Baixe e escute ao blues de Clapton:

CD1

01 - Before You Accuse Me (Take a Look at Yourself) - Bo Diddley
02 - Mean Old World - Walter Jacobs
03 - Ain't That Lovin' You - Jimmy Reed
04 - The Sky Is Crying - Elmore James
05 - Cryin' - Eric Clapton
06 - Have You Ever Loved a Woman - Billy Myles
07 - Alberta - Traditional
08 - Early in the Morning - Traditional
09 - Give Me Strength - Eric Clapton
10 - Meet Me (Down at the Bottom) - Willie Dixon
11 - County Jail Blues - Alfred Fields
12 - Floating Bridge - Sleepy John Estes
13 - Blow Wind Blow - Muddy Waters
14 - To Make Somebody Happy - Eric Clapton
15 - Before You Accuse Me (Take a Look at Yourself)

CD2

01 - Stormy Monday - T-Bone Walker
02 - Worried Life Blues - Big Maceo Merriweather
03 - Early in the Morning - Traditional
04 - Have You Ever Loved a Woman - Billy Myles
05 - Wonderful Tonight - Clapton/Michael Kamen
06 - Kind Hearted Woman - Robert Johnson
07 - Double Trouble - Otis Rush
08 - Driftin' Blues - Charles Brown/Johnnny Moore/Eddie Williams
09 - Crossroad - Robert Johnson
10 - Further on up the Road - Joe Medwich-veasey/Don Robey

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Grandes Nomes do Blues 13 – Skip James


Nehemiah “Skip” James nasceu em Bentonia, Mississippi, cresceu numa plantação vizinha, fez da guitarra sua profissão e aprendeu o piano de forma autodidata. Diferenciou-se por criar uma música inconfundível ao utilizar o tom em Mi Menor, tocar três cordas e modular sua voz alta e melancolicamente. Suas sessões para a Paramount em 1931 geraram alguns dos country-blues mais doídos e cativantes jamais editados. Prova disso são as obras primas “Devil Got My Woman”, “I’m So Glad” e “22-20 Blues”.

Nos anos trinta James retomou sua carreira eclesiástica, que durou até seu retorno nos anos sessenta. Atuou no Newport Folk Festival de 1964, compôs discos para as discográficas Takoma, Melodeon e Vanguard, e o grupo britânico de rock-blues Cream (do qual fazia parte Eric Clapton) vez uma versão de “I’m So Glad”. Um câncer acabou com sua carreira e sua vida em 1969.

Baixe e escute "The Complete Early Recordings" do inigualável Skip James, publicado em 1994:

01 - Devil Got My Woman
02 - Cypress Grove Blues
03 - Little Cow And Calf is Gonna Die
04 - Hard Time Killin' Floor
05 - Drunken Spree
06 - Cherry Ball Blues
07 - Jesus is A Mighty Good Leader
08 - Illinois Blues
09 - How Long
10 - 4 O'Clock Blues
11 - 22-20 Blues
12 - Hard Luck Child
13 - If You Havn't Any Hay
14 - Be Ready When He Comes
15 - Yola My Blues Away
16 - I'm So Glad
17 - What Am I To Do Blues
18 - Special Rider

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terça-feira, 21 de abril de 2009

Grandes Nomes do Blues 12 – Leadbelly

Huddie Ledbetter nasceu em janeiro de 1888 em Mooringsport, Louisiana. Ainda criança teve contato com a música e em sua adolescência começou a tocar guitarra. A música que gostava de tocar eram canções americanas antigas, baladas, e cantos religiosos de diferentes tipos.

Converteu-se num artista conhecido graças às suas atuações para a comunidade negra. Em 1901 saiu de casa, e enquanto freqüentava o bairro vermelho de Shreveport, escutou à velhas músicas de blues, como “The Dirty Dozens”. Aos quinze já tinha uma guitarra e um revolver próprios. Em 1910 tocava no bairro Deep Ellum de Dallas e, provavelmente, em 1912 conheceria a Blind Lemon Jefferson, o cantor ambulante de Dallas. Naquela época Huddie também comprou sua guitarra de 12 cordas. Durante uns três anos, Ledbetter e o jovem Jefferson trabalharam juntos, e o primeiro absorveu a técnica rasgada na guitarra do segundo.

Em dezembro de 1917 Ledbetter matou o marido de sua prima e acabou sendo mandado para a Central State Prision Farm, perto de Houston, Texas, local aonde recebeu o apelido de “Leadbelly”. Durante suas visitas a Sugarland, o prefeito Pat Neff lhe fazia atuar para ele, até que, em 1924, Leadbelly tocou um blues que impressionou tanto a Neff que – segundo a lenda – ele lhe prometeu a anistia. Mesmo em liberdade a partir janeiro de 1925, Leadbelly seguiu mostrando sua característica violência: em janeiro de 1930 esfaqueou um branco em Mooringsport, e dessa vez a pena foi de trabalhos forçados na Angola State Penitenciary.

Por um lance de sorte, os estudiosos de folk John e Alan Lomax visitaram a penitenciária Angola em 1933 – devido ao estudo de John sobre canções e baladas americanas de folk – levando consigo um gravador de discos portátil. Leadbelly cantou para eles “Ella Speed”, “Frankie And Albert” e uma sutil valsa intitulada “Goodnight Irene”. Quando soube que John Lomax voltaria à prisão em 1934, não teve duvida: depois de negados repetidamente seus pedidos de perdão, escreveu “Governor O.K. Allen”. Lomax levou a música ao prefeito e em agosto de 1934 o músico foi exonerado.

No fim desse mesmo ano, Lomax organizou para Leadbelly uma apresentação em uma festa da Modern Language Associoation em Filadélfia. Em pouco tempo os dois foram vistos em Nova York e até mesmo o diário New York Herald Tribune publicaria uma matéria sobre a visita. Tudo isso permitiu a Leadbelly gravar suas primeiras sessões comerciais (para a ARC) no começo de 1935. Também seguiu editando para a instituição Library of Congress de John Lomax, e depois para o filho deste, Alan.

Discórdias financeiras romperam sua relação com John Lomax, e assinou um contrato com Mary Elisabeth Barnicle, a professora que lhe abriu as portas da comunidade liberal e radical afro-americana, seu principal público. Ainda assim, de 1936 a 1938 Leadbelly não gravou nenhum disco. Sua última colaboração com John Lomax “Negro Folk Songs As Sung By Leadbelly” de novembro de 1936 foi um livro que recebeu críticas muito favoráveis. Tanto que foi entrevistado pela revista Life e, conseqüentemente, voltou a ser contratado por estações de radio, voltando assim a escrever novas músicas.

Leadbelly foi preso novamente por uma nova agressão em 1939. Alan Lomax entrou em contato com a discográfica Musicraft Records para tentar gravar uma sessão e assim arrecadar fundos para sua defesa. O disco que Leadbelly editou se chamou “Negro Sinful Songs”, porém ele não foi liberado dos oito meses de pena. Em 1940 trabalhou para a RCA Victor, e no verão de 1941 começou sua longa parceria com Moses Asch. Com exceção de algumas gravações para a Capitol em 1944, o resto do material que gravou foi para os selos Asch, Stinson e Folkways. Leadbelly atraiu o público ao circuito folk até sua morte em 1949.

Baixe e escute a música do nervoso Leadbelly:

01 - In New Orleans (House of the Rising Sun)
02 - The Bourgeois Blues
03 - Goodnight, Irene
04 - Looky, Looky Yonder - Black Betty - Yellow Women's Doorbells
05 - Borrow Love And Go
06 - De Kalb Blues
07 - John Hardy
08 - How Long
09 - Roberta
10 - Pretty Flower in Your Backyard
11 - The Galis Pole
12 - Where Did You Sleep Last Night
13 - Midnight Special
14 - John Hardy (Version 2)
15 - When I Was a Cowboy

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Cadillac Records


Esse filme, baseado numa história real, conta a história – narrada por ninguém menos que Willie Dixon – de dois homens. Um branco judeu polonês e um negro agricultor do Mississippi, cujas vidas indissociáveis são parte da historia do blues. Leonard Chess – dono e fundador da histórica Chess Records – e Muddy Waters – pra mim o melhor blueseiro que existiu, mas isso fica pra outro post – se conheceram na Chicago dos anos 40 e juntos criaram uma discográfica que trouxe a música negra para as listas de sucessos e ajudaram muito em romper com a segregação racial ainda forte nos EUA. O filme passa ainda pela história de muitos outros músicos que fizeram parte disso tudo, como o próprio Willie Dixon, Little Walter, Howlin’ Wolf, Etta James, Chuck Berry, e ainda, direta ou indiretamente, Rolling Stones, Beach Boys ou o próprio Elvis Presley.

Como Dixon afirma no começo do filme - “A primeira vez que uma garota tirou a calcinha e a jogou no palco foi por causa de um cara que cantava um blues. Quando garotas brancas começaram a fazer o mesmo, chamaram aquilo de rock and roll”.

Como filme ele mantém a velha e manjada linha de praticamente todas as biopics americanas – a origem humilde de um gênio que não sabe o que tem nas mãos até que um caça-talentos lhe descobre e o faz atuar em antros até converter-se em uma grande estrela; assim começa um período de excessos que acabam em algum vício autodestrutivo que o leva a um breve período de esquecimento que só aquele dom original o tirará da fossa a tempo para alguma homenagem. Essa mesma história pode ser vista em biopics como a de Edith Piaf, Ray Charles, Jim Morrison, Tina Turner ou, mais recentemente, Ian Curtis, e a única mudança aqui é que não se concentra em apenas um artista, mas sim numa gravadora, o que ajuda a contar ao longo do filme uma serie de lendas da música negra. O filme comete ainda uma série de erros históricos – algo também normal no gênero – entre eles nunca citar a participação de Phil Chess, irmão de Leonard, na criação da discográfica. Infelizmente são coisas que devemos aceitar vindas de uma indústria como a de Hollywood, mas ainda assim, vale à pena conferir.

domingo, 19 de abril de 2009

Eric Clapton - Me and Mr. Johnson


Para mostrar um pouco da enorme influência de Robert Johnson sobre a música americana, principalmente o blues. “Me and Mr. Johnson” (2004), disco-homenagem de Eric Clapton ao que considera o maior bluesman da história, o satânico, o maldito. Este é o único tributo completo realizado por Clapton, aonde versionou 14 das 29 músicas gravadas por Johnson em sua curta carreira e que influenciaram grandes nomes como Muddy Waters, Howlin’ Wolf, The Rolling Stones, The Allman Brothers ou The White Stripes. O disco conta como uma banda de luxo, com Billy Preston nos teclados, Nathan East no baixo, Andy Fairweather Low na guitarra e Steve Gadd na bateria, entre outros. Desde seu trabalho com os Bluesbreakers de John Mayall, passando pelo Cream e sua posterior carreira solo, Clapton sempre se sentiu fortemente atraído pelo som de Johnson. Na década posterior ao seu excepcional disco From the Cradle – primeiro disco de Clapton integralmente de versões de blues clássicos, o qual comentarei em breve nesse blog – Clapton mergulha no acervo de seu ídolo para realizar essas 14 covers, um admirável retorno às suas raízes e que, no mínimo, serve para aumentar consideravelmente a número de ouvintes de seu mestre.

Prestem especial atenção a uma música. Crossroads – encruzilhada em inglês – refere-se ao local aonde supostamente Johnson vendeu sua alma ao demônio e, dizem, todos os que gravarem essa música sofrerão de sua maldição. Lynyrd Skynyrd, Allman Brothers, entre outros, sofreram perdas de membros dos grupos. No caso de Clapton, foi seu filho de 5 anos que, logo depois deste ter lançado uma caixa retrospectiva de sua carreira intitulada Crossroads, morreu ao cair pela janela de seu apartamento em Nova York, no alto do 53º andar do edifício. Coincidência?

Outro dado interessante: na capa do disco podemos ver as duas únicas fotos conhecidas de Johnson, como se lembrando à Clapton que cedo ou tarde ele voltará para cobrar sua dívida.

01 - When You Got a Good Friend
02 - Little Queen of Spades
03 - They're Red Hot
04 - Me and the Devil Blues
05 - Traveling Riverside Blues
06 - Last Fair Deal Gone Down
07 - Stop Breakin' Down Blues
08 - Milkcow's Calf Blues
09 - Kindhearted Woman Blues
10 - Come on in My Kitchen
11 - If I Had Possesion Over Judgement Day
12 - Love in Vain
13 - 32-20 Blues
14 - Hellhound on My Trail

Baixe e escute, mas cuidado...

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quinta-feira, 16 de abril de 2009

Watermelon Slim and the Workers - No Paid Holidays


Watermelon Slim é o pseudônimo de Bill Homans, o artista que no Blues Music Awards de 2007 conseguiu ser nomeado para seis dos prêmios - incluindo Músico, Artista, Disco, Banda, Música e Disco de Blues Tradicional do Ano – feito atingido somente por grandes nomes como B.B. King, Buddy Guy e Robert Cray. Seu disco homônimo de 2006 ainda liderou o ranking da MOJO Magazine de Top Blues CDs, ganhou o premio do Independent Music Award de disco de blues do ano, atingiu o número um da lista da Living Blues Radio, debutou como #13 na lista de Blues da Billboard e ganhou o premio de disco de blues do ano da Blues Critic Awards.

Ufa... pareceu pouco? Bom, em abril de 2007, seu Segundo cd pela NorthernBlues, “The Wheel Man”, atingiu o #1 da Living Blues Radio, o #2 da Roots Music Blues e debutou no Top 10 da Billboard Blues. E o que venho apresentar a vocês é o último trabalho deles, “No Paid Holidays” (2008), disco de alguma forma mais introvertido que o anterior, mas aonde Slim acha espaço para seu completo leque de estilos de blues e se pode apreciar uma suave quebra com as progressões do blues tradicional, principalmente em “Into The Sunset” e “Dad in the Distance”. Sem dúvida um dos grandes nomes do blues atual.

01 - Blues for Howard
02 - Archetypal Blues No.2
03 - Call My Job
04 - Dad in the Distance
05 - You're The One I Need
06 - Bubba's Blues
07 - And When I Die
08 - Into The Sunset
09 - Gearzy's Boogie
10 - This Traveling Life
11 - Max The Baseball Clown
12 - The Bloody Burmese Blues
13 - I've Got a Toothache
14 - Everybody's Down On Me

Baixe e escute a Watermelon Slim e seus trabalhadores:

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Nota da Redação

Depois de algumas reclamações dos leitores sobre os links para download, a redação informa que foram todos revisados e agora funcionam normalmente.

Blossom Dearie



Minha singela homenagem à cantora e pianista de slow-jazz Blossom Dearie, que faleceu no passado mês de fevereiro com 82 anos. Tinha uma voz tão suave que provavelmente num bar seria difícil escuta-la, porém atuou até o fim de seus dias em elegantes clubs de Nova York, Londres ou Paris. Ter uma voz potente não é sinônimo de saber cantar, como o provaram grandes nomes do jazz da costa oeste, entre eles Chet Baker. Sua delicada ingenuidade e sua arte em combinar palavras e acordes, como se contando as canções, entram para a história, e faço questão de divulgá-lo da minha modesta maneira.

Baixe aqui e escute o delicado som de Blossom Dearie em seu disco de 1958 "Once Upon a Summertime", por muitos considerado o auge das gravações de Dearie pela Verve:

01 - Tea For Two
02 - The Surrey With The Fringe On Top
03 - Moonlight Saving Time
04 - It Amazes Me
05 - If I Where a Bell
06 - We're Together
07 - Teach Me Tonight
08 - Blossom Dearie
09 - Down With Love
10 - Manhattan
11 - Doop-Doo-De-Doop (A Doodlin' Song)
12 - Our Love Is Here To Stay

http://www.zshare.net/download/9249377373780010/

Gary Moore


A turnê mundial do grande guitarrista irlandês Gary Moore passará pela Espanha e obviamente eu não poderei deixar de conferir ao vivo o homem que criou um dos mais longos solos de guitarra da história. O novo giro mundial de Moore vem após o lançamento de seu último disco – o 31º de uma carreira de 35 anos – “Bad For You, Baby” (2008), que mantém a mesma linha do seu anterior “Close As You Get” (2007), ou seja, muito blues e rock com pitadas de soul. Para os não muito familiarizados com o artista, logo abaixo se pode ver o vídeo de sua canção mais conhecida, a mundialmente famosa Still Got The Blues, de 1990. Postei aqui uma versão ao vivo, muito mais interessante que o videoclip original, impressionantemente brega - bem ao estilo dos anos 80 - com Gary tocando sua guitarra enquanto busca por sua amada através da janela entoando seus versos melancólicos. Mas isso não tira e nem mesmo reduz a qualidade desse clássico, e quem quiser conferir é só entrar no youtube.



Não se assustem, o repertório de Moore não está composto somente de baladas melancólicas com solos pegajosos. Aqui vai o último disco para tirar a prova, e para chegar ao show cantando cada uma das faixas:

01 - Bad For You Baby
02 - Down The Line
03 - Umbrella Man
04 - Holding On
05 - Walkin' Thru The Park
06 - I Love You More Than You'll Ever Know
07 - Mojo Boogie
08 - Someday Baby
09 - Did You Ever Feel Lonely
10 - Preacher Man Blues
11 - Trouble Ain't Far Behind

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quarta-feira, 15 de abril de 2009

Bananaz

Gorillaz, a banda paralela e virtual de Damon Albarn, ex-vocalista do Blur – que volta aos palcos esse ano com vários shows no Reino Unido – terá em breve um filme à medida, intitulado Bananaz. Será um documentário dirigido por Cery Levy com estréia programada para o próximo 20 de abril em www.babelgum.com antes de chegar aos cinemas. No entanto, sua estréia oficial se deu na 58ª edição da Berlinale.

O filme, que demorou seis anos em vir à luz, repassa a história do grupo animado desde seu disco de estréia em 2001. No total, venderam mais de 12 milhões de discos e ganharam vários prêmios, entre eles Grammys, Brits e MTV.

Levy esteve rodando junto a Albarn e a Jamie Hewlett, o outro fundador do grupo, a partir de rascunhos, animações, a música e também as caras e vozes de Murdoc, 2D, Noodle e Russel Hobbs, os membros virtuais. No documentário aparecem ainda muitos dos artistas que ocasionalmente passaram pela banda, como Dennis Hopper, De la Soul, Ibrahim Ferrer, Dangermouse, Dan the Automator, D12, Bootie Brown e Neneh Cherry, entre outros.

Coincidindo com a estréia de Bananaz, a web lançará também um canal Gorillaz, oferecendo shows ao vivo, vídeos, dois novos jogos, concursos e videoclips em exclusiva.

Grandes Nomes do Blues 11 – Robert Johnson

O blues nos deu grandes músicos, cantores e compositores, mas a influência que exerce Robert Johnson até hoje demonstra que nenhum outro soube combinar essas três características de forma tão magistral. Todos os grandes fãs de blues estamos obrigados a ir a um cruzamento entre ruas de terra numa noite de verão, levantar nosso copo e beber um longo gole, desses que queimam por dentro, à memória de Robert Johnson, aonde quer que ele esteja.

De Robert Johnson conhecemos somente 29 músicas, duas fotografias e confusos retalhos de uma biografia que termina violentamente aos 27 anos. Sua mãe se chamava Julia Dodds e seu pai Noah Johnson e, em maio de 1911, em Hazelhurst, Mississippi, nascia Robert Leroy Johnson. Julia Dodds era mulher de um fazendeiro – Charles Dodds Jr.- que se viu obrigado a deixar o Mississippi antes de que Robert nascesse. Na ausência de Charles, Julia se uniu a Noah que, após mudar-se a Memphis, mudou seu nome para C.D. Spencer. Porém Julia casou-se novamente em 1916 com Willie Willis, e Robert cresceu com eles em Robinsonville, Mississippi, como Robert Spencer. Durante a adolescência, quando Robert descobriu a verdade sobre seu pai, mudou seu sobrenome para Johnson. Além de dominar a gaita, Johnson começou a sentir-se atraído pela guitarra, tanto que construiu um suporte aonde apoiava o primeiro instrumento, e com o segundo dava as respostas. Ainda em Robinsonville, Willie Brown e Charley Patton – que freqüentavam os locais de música da região – serviram-lhe de mestres.

Em fevereiro de 1929 Johnson casou-se com Virginia Travis Penton e o casal mudou-se para uma fazenda nas aforas de Robinsonville junto com sua irmã. Sem abandonar a música, Johnson trabalhou como lavrador e engravidou sua esposa. Sabe-se lá o que teria sido da vida de Johnson se Virginia, em abril de 1930, não tivesse morrido junto ao seu futuro filho ao dar a luz, com apenas 16 anos.

Semanas depois da fatalidade, Son House, depois de sua estréia discográfica para a Paramount em maio de 1930, chega a Robinsonville para trabalhar com Willie Brown. Robert ficou imediatamente encantado pela música de House, mesmo que o velho ainda o tratasse como um mero principiante. No entanto, antes que acabasse aquele ano, Johnson se muda a Hazelhurst convencido a dedicar-se por completo à música.

Seu próximo tutor sería Ike Zinnerman. A partir do trabalho dos dois pela região de Hazelhurst, aonde coincidiram com artistas como Johnny Temple ou Tommy Johnson, e da luta de Robert para ganhar a vida em esquinas, bares, fazendas, ou aonde pudesse ganhar algum dinheiro, um novo músico tinha nascido. Em pouco tempo, Johnson decidiu voltar à região do Delta do Mississippi e, ao chegar a Robinsonville, coincidiu novamente com Willie Brown e Son House, que ficaram maravilhados com a maneira que tocava. Assim nasceu a lenda de como Johnson teria vendido sua alma ao demônio em troca de sua habilidade com a guitarra. Zinnerman, em uma conversa com Son House, afirma que Johnson aprendeu a tocar o blues à meia-noite sobre uma tumba. Era como se alguém lhe houvesse presenteado com uma nova voz aguda e alterada por incríveis falsetes, e uma forma intuitiva de tocar a guitarra que faria escola; as cordas graves marcando um walking bass hipnótico e as outras adquirindo vida própria. Com o slide arrancava lamentos como ninguém antes havia feito. Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones, lembra-se da primeira vez que ouviu a um disco de Robert Johnson na casa de Brian Jones –“Quem é esse?”-“Robert Johnson”-“OK, mas... quem é o outro cara que toca com ele?”. Ele não podia acreditar que fosse um só guitarrista.

Para os conhecidos, a maneira como Johnson aprendeu a tocar não era nenhum mistério, era um caminho bastante conhecido no Delta e outros o haviam seguido antes. Tommy Johnson, outro músico da região, explica: “Para aprender a tocar tudo o que quiser e a compor sua própria música, você deve levar sua guitarra a um cruzamento pouco antes da meia-noite e começar a tocar algo de sua autoria. Um homem grande e negro irá até você, pegará sua guitarra, tocará sua música e te devolverá a guitarra. Dessa maneira aprendi tudo o que preciso para tocar”.

Johnson acaba por fim instalando-se em Helena, Arkansas, lugar que se converteria em seu acampamento-base durante o resto de sua vida. Com ou sem a ajuda do cornudo, em 1934 já se havia convertido num nômade, situação que lhe animaria a contratar varias mulheres para “atendê-lo” durante as viagens. “Para Johnson as mulheres eram como quartos de hotel; podia voltar à mesma, mas sempre a deixava no mesmo lugar em que estava”, disse uma vez Johnny Shines, um de seus companheiros de viagem.

Apesar de que sua reputação havia crescido tanto que era conhecido em todo o Mississippi e Tennessee, os discos ainda lhe resistiam. Até o dia em que se encontrou com H.C. Speir em Jackson, Mississippi. Speir era um caça-talentos da discográfica ARC e o recomendou imediatamente, decisão que culminaria em novembro de 1936, quando Johnson se trancou no estúdio improvisado no quarto um hotel em San Antonio, Texas, e gravou 16 músicas em uma semana. Em junho do ano seguinte, gravou mais 13 músicas em Dallas, Texas.

Essas 29 músicas representam todo o legado de Johnson. “Terraplane Blues” e “Kindhearted Woman Blues” foram as que mais venderam, mas ainda longe de serem grandes êxitos. No entanto, o LP que continha todo esse material – King of Delta Blues Singers – editado pela Columbia em 1961, inspiraria a toda uma geração de músicos de blues. E quando em 1990 se publicou a coletânea – The Complete Recordings – o mundo estava finalmente preparado para a genialidade de Johnson, convertendo o disco num êxito brutal.

Existem várias versões para a morte de Robert Johnson. Suicídio, magia negra... Son House escutou que uma mulher lhe havia envenenado. Johnny Shines se lembra de ter escutado que durante dias Johnson esteve correndo a quatro patas até que o diabo veio para levá-lo. A verdade só foi descoberta muitos anos depois, através de duas testemunhas presentes na sua morte. Em agosto de 1938, Johnson estava tocando num pequeno povoado chamado Three Forks, perto de Greenwood, num local cujo dono era marido de uma de suas amantes. Uma noite este lhe ofereceu bebida envenenada com estricnina. Pouco depois Johnson teve que deixar o local e ser levado para a cidade, aonde, depois de três dias agonizando, morreu na casa de um conhecido.

O diabo fez bem o seu trabalho, deu-lhe a fama e a imortalidade, mas de uma maneira na qual ele não pôde saborear e que deixou um rastro vago e impreciso de sua pessoa. Ainda hoje, em pequenos povoados do interior, pode-se ver a algum jovem que, numa noite de verão, leva sua guitarra a um cruzamento pouco antes da meia-noite. Quando isso acontece, os mais velhos olham com esse sorriso guardado aos predestinados, lhe deixam tocar e não dizem nada.

Baixe e escute a música amaldiçoada de Robert Johnson:

CD1

01 - Kindhearted Woman Blues
02 - Kindhearted Woman Blues (Alt Take)
03 - I Believe I'll Dust My Broom
04 - Sweet Home Chicago
05 - Rambling On My Mind
06 - Rambling On My Mind (Alt Take)
07 - When You Got A Good Friend
08 - When You Got A Good Friend (Alt Take)
09 - Come on in My Kitchen
10 - Come on in My Kitchen (Alt Take)
11 - Terraplane Blues
12 - Phonograph Blues
13 - Phonograph Blues (Alt Take)
14 - 32-20 Blues
15 - They're Red Hot
16 - Dead Shrimp Blues
17 - Crossroad Blues
18 - Crossroad Blues (Alt Take)
19 - Walking Blues
20 - Last Fair Deal Gone Down

CD2

01 - Preaching Blues
02 - If I Had Possesion Over Judgment Day
03 - Stones In My Passway
04 - I'm A Steady Rollin' Man
05 - From Four Till Late
06 - Hell Hound On My Trail
07 - Little Queen Of Spades
08 - Little Queen Of Spades (Alt Take)
09 - Malted Milk
10 - Drunken Hearted Man
11 - Drunken Hearted Man (Alt Take)
12 - Me And The Devil Blues
13 - Me And The Devil Blues (Alt Take)
14 - Stop Breakin' Down Blues
15 - Stop Breakin' Down Blues (Alt Take)
16 - Traveling Riverside Blues
17 - Honeymoon Blues
18 - Love In Vain Blues
19 - Love In Vain Blues (Alt Take)
20 - Milkcow Calf Blues
21 - Milkcow Calf Blues (Alt Take)

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Religulous

Religulous é um documentário dirigido por Larry Charles e protagonizado pelo humorista Bill Maher, que apresenta o programa Real Time with Bill Maher pela HBO. O título do filme vem da fusão das palavras religião (religion) e ridículo (ridiculous) e daí se pode sacar o tom humorístico com o qual o protagonista tenta analisar o porquê da necessidade da maior parte da humanidade em se escorar numa religião, qualquer que seja. Viajando por vários destinos religiosos do mundo como Jerusalém, o Vaticano, e até mesmo um parque de atrações cristão em Miami (?!?!?!), e entrevistando diferentes tipos de crentes, Maher investe contra todos os fanatismos, descrevendo idéias e crenças religiosas evidentemente absurdas, cômicas ou ridículas, que demonstram a falta de uma base sólida e de um fundamento racional. É espetacular o ator tentando defender a tese do “eu não sei” frente a crentes de diferentes tipos (diferentes?) que dizem realmente saber o que não podem provar.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Martin Scorsese presents The Blues

Acabo de rever toda a série de filmes que Martin Scorsese produziu em 2003 intitulada como "The Blues". Esta série conta com sete filmes, cada um deles dirigido por um diretor diferente - Wim Wenders, Richard Pearce, Charles Burnett, Marc Levin, Mike Figgis, Clint Eastwood e o próprio Scorsese - aonde os diretores conseguem, através de raríssimas imagens de arquivo e de histórias, lendas e muita inspiração, contar o que o blues representa, das mais distintas maneiras.

Desde a tensão entre o sagrado e o profano explorada por Wenders e Burnett, passando pela homenagem à Memphis de Pearce, pela excelente idéia de Levin de juntar Chuck D com veteranos do blues e explorar suas raízes, como a de Figgis que analisa os efeitos da "invasão britânica" na música americana, a história do piano no blues contada por Eastwood e finalmente o título de Scorsese que analisa as raízes africanas dessa música. Enfim, um documento imperdível para o amante do blues, que vale a pena comprar o box para revê-lo de tempos em tempos.

Me lembro do lançamento dessa série no Brasil, na Mostra de Cinema de São Paulo, aonde, num ensolarado sábado, no CineSesc da Augusta, deram todos os sete filmes na sequência. Eu, acompanhado por meu grande amigo Luiz Inácio - o Lula - aceitamos o desafio de ver a todas. Para os que não conhecem, o CineSesc tem, ao fundo da sala de projeção, um bar, cuja separaçao com a sala é uma grande parede de vidro. Assim sendo, podíamos ficar lá bebendo e fumando, o que nos ajudaria a atravessar melhor a maratona. Bom, depois do quarto filme - aproximadamente oito horas depois, entramos às 10:00hs e saímos por volta das 19:00hs - já estávamos bêbados e decidimos sair. Mas valeu cada minuto que estivemos ali.

Deixo aqui as palavras do próprio Scorsese e espero que vocês não deixem de ver.

"Nunca vou me esquecer da primeira vez que escutei Leadbelly cantando 'C.C.Rider'. Me hipnotizou. Como a maioria das pessoas da minha geração, crescí escutando rock'n roll. De repente, por um momento, pude ouvir de onde tinha surgido tudo e sentir que o espírito por trás da música, por trás dessa voz e dessa guitarra, vinha de algum lugar distante no tempo.
Muitos conhecidos sentiram o mesmo impacto ao descobri-lo. O rock'n roll parecia para nós que tinha simplesmente nascido no rádio ou nas lojas de disco. Se converteu em nossa música e numa maneira muito importante de defirnir a nós mesmos e de fazer-nos sentir diferentes de nossos pais. Mas foi entãao que descobrimos outro nível mais profundo, a história que está por trás do rock e do R&B, a música por trás da nossa música. Todos os caminhos conduzem à fonte original, e essa fonte é o blues.
Todos gostamos de imaginar que a arte pode surgir do nada e que nos comoverá mais do que qualquer outra coisa jamais vista ou lida. A grande verdade é que tudo - cada quadro, cada filme, cada peça de teatro, cada música - provêm de algo que o precede. É uma cadeia de respostas humanas. A beleza e o poder da arte estão no fato de que ela não pode ser estandarizada ou mecanizada.
Deve ser um intercambio humano, que se transmite de umas mãos a outras: tudo o demais não é arte. É eternamente antiga e nova ao mesmo tempo, já que sempre existirão jovens artistas que ouvem e vêem obras que lhes precederam, inspirando-se e criando algo próprio a partir do que foram assimilando.
Quando se ouve a Skip James cantando 'Devil got my Woman' ou a Son House cantando 'Death Setter Blues' ou a John Lee Hooker tocando sua guitarra, quando se escuta de verdade - e acreditem, não é difícil, porque essa música capta toda a atençao desde a primeira nota - se ouve algo muito valioso que se está transmitindo. Um segredo muito valioso.
E está aí, em todos esses ecos e influências, em todas as frases e giros de guitarras comuns, em todas essas músicas que foram passando de cantor a cantor, às vezes modificando-se pelo caminho e convertendo-se assim em músicas totalmente novas.
Se você já conhece o blues, talvez esses filmes te dêm uma razão para voltar a ele. E se você nunca ouviu o blues e se encontra com ele pela primeira vez, te prometo uma coisa: sua vida está a ponto de mudar, para melhor."


Martin Scorsese


quarta-feira, 8 de abril de 2009



REPORTAGEM DO EL PAIS
Arquitetura grande em frascos pequenos
A crise leva escritórios a reduzir a escala dos edifícios
Anatxu Zabalbeascoa 07/04/2009

Os próprios arquitetos anunciam o fim das estrelas mediáticas como resposta à conjuntura que nos envolve. No entanto, o desencanto ilumina outros astros que os recordes de altura, metros quadrados e cifras astronômicas, controlados por um reduzido grupo de profissionais na última década, quase não deixava ver. Assim, a crise está trazendo à luz o pequeno, o discreto e o trabalho delicado de muitos outros autores.

A idéia de realocar a grande arquitetura aos pequenos edifícios está começando a pegar na Espanha. Mas foi em Tóquio aonde se criou o apelativo nome de arquitetura mascote (pet architecture). Ali a falta de espaço, com ou sem crise econômica, faz parte do genius loci, define o lugar. Com a crise, no entanto, a escassez de metros soma-se à redução nos orçamentos.

O resultado disso pedia novas idéias. Um escritório jovem, Atelier Bow-Wow, começou nomeando o que teriam que fazer: as mascotes. Os edifícios com menos de 50 metros quadrados – sim, vocês leram bem: 50 metros quadrados – nos quais estrelas como Kazuyo Sejima souberam projetar residências com pátios e dormitórios de menos de dois metros.

Nesse espírito, e também em Tókio, constrói Yashuhiro Yamashita, o principal arquiteto do Atelier Tekuto. Boa parte dos projetos de seu escritório são levantados em terrenos que rondam os 40 metros. Uma das residências, Reflection of mineral, construída no centro da capital, é um exercício de origami arquitetônico que consegue desdobrar-se em 80 metros, garagem incluída, sobre um terreno de apenas 44. O surpreendente resultado lembra à mescla entre brilhos e planos opacos dos minerais.

Nessa linha de romper plantas, preocupar-se com o centímetro quadrado e buscar luz e expressão num único gesto, os catalães Manuel Bailo (Igualada, 1965) e Rosa Rull (Tarragona, 1964) assinaram em Manresa o que descrevem como “um descascado na antiga parede da prefeitura”. Esse descascado poliédrico consegue, além de instalar uma nova escada e um elevador, converter essa subida num passeio panorâmico. A remodelação coloca, com um arranhão, a prefeitura na cidade do século XXI: sem ousadias desnecessárias e com surpreendente perspicácia. Chegam tempos de trabalhos pequenos. Talvez a arquitetura mascote convide a mimar os edifícios.

terça-feira, 7 de abril de 2009


Marvin Gaye, que está no céu
A morte violenta do músico pelas mãos de seu pai, há 25 anos, supôs o nascimento de uma das grandes lendas da música
Fernando Navarro 01/04/2009

Nunca ficou muito claro o que levou o reverendo Marvin Gay a alvejar a tiros seu próprio filho na noite de 1 de abril de 1984, um dia antes de este cumprir seus 45 anos. Ele pegou seu revolver e o descarregou matando em sua casa a Marvin Pentz Gay Jr, mais conhecido como Marvin Gaye (ele adicionou o “e” ao seu sobrenome em homenagem a Sam Cooke), um dos grandes soulman e compositores da história da música.

Algumas biografias afirmam que o reverendo não suportava os numerosos e apaixonados casos sexuais do segundo de seus três filhos e, depois de uma forte discussão, atirou. Outros simplesmente chegam à conclusão que aquele homem, um conservador cristão de uma seita chamada Casa de Deus, estava louco. De qualquer forma a religião teve a ver com a atitude de seu pai: seus estritos códigos morais e sua conduta de ferro tinham marcado Marvin para sempre.

Aquele 1 de abril foi como o desenlace de uma tragédia grega: Marvin Gaye, o grande sedutor, o humanismo em forma de música, morria às mãos de seu próprio progenitor, o sacerdote da moral, o defensor religioso. Esses tiros o elevam à categoria de mito, mesmo que em vida tenha conseguido ser admirado como um artista negro em um mercado pensado para brancos. Junto a Diana Ross, Stevie Wonder ou Smokey Robinson, Gaye foi um dos poucos negros que romperam a barreira do preconceito e ganharam o respeito de todos.

Uma de suas referencias mais claras foi Sam Cooke, assim como Nat King Cole. Por isso, nos seus primeiros anos, depois de passar pelo coro da igreja, flertou com o doo-wop cantando pelas esquinas. Seu mentor, no entanto, foi um sujeito que se caracterizava por rasgar a guitarra e pelo seu ritmo frenético, Bo Diddley. Com os Moonglows gravou uma serie de singles para a Chess Records até que Berry Gordy, criador da Motown, se interessou por ele.

Falar de Marvin Gaye é falar de um compositor colossal. Na Motown, por trás dos focos, foi homem de estúdio, artífice de várias canções arrebatadoras, magnífico nos arranjos que se escondem nos créditos de Martha & The Vandellas ou do próprio Stevie Wonder. Sua capacidade vocal não passou despercebida e, depois de inúmeros duetos com cantoras como Mary Wells, encontrou lugar para começar sua carreira.

Em solo, Gaye representa a máxima expressão da música soul, sozinho com suas inquietudes artísticas, ele abre as portas da grande evolução da música negra. Moveu-se livremente pelo R&B, ao qual agregou estilismo, oferecendo sofisticação aparando-o com arranjos de jazz e redefinindo seus parâmetros, abrindo as fronteiras do funk. Foi ainda uma das maiores influencias dos pioneiros do rap.

A morte de Tammi Terrell, com quem cantava a famosa Ain’t No Mountain High Enough, o marcou para sempre. Como um ermitão, refugiou-se em sua casa, embriagou-se de si mesmo e buscou respostas para um mundo que lhe superava. Daí surgiu What’s Going On, um álbum conceitual sobre a vida, o meio ambiente, a guerra do Vietnam e a sobrevivência nos subúrbios. Produtor, cantor e compositor do disco inteiro, Gaye bateu de frente com o chefão da Motown, que sempre impunha seu critério, porque este não queria publicá-lo, e o disco terminou como um grande êxito. Mas acima de tudo foi seu auge artístico, uma obra prima, sempre apontada entre os melhores discos da historia.

Como também poderia estar Let’s Get It On, que mostrou seu magnetismo sexual no microfone e que dizia nos créditos internos que “sexo é só sexo” e que o “amor é amor”. Era a verdade de Gaye, que encontrou nas mulheres uma autêntica válvula de escape – também nas drogas – enquanto sua música expressava seus fantasmas, sua necessidade de contato humano. Desorientado, emigrou para a Europa e voltou para os EUA, para a casa de seus pais, aonde se alojou até o trágico 1 de abril. Esses tiros acabaram com um músico cuja força criativa absorvia ao ouvinte, como só os grandes são capazes de fazê-lo. Inquietudes sociais, políticas e artísticas plasmadas num soul elegante que fluía como um rio. Sua música estava destinada a arrastar quem a escutasse e levar a um mar de humanidade. A todos, menos ao reverendo Marvin, seu pai, que assassinou ao seu filho, e não fez absolutamente nada para ouvi-lo.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Atingindo a nota alta

Se Louis Armstrong estivesse vivo hoje, talvez enviasse uma nota ao deus da natação Micheal Phelps, dizendo, “Fala garoto, não liga pro que a imprensa diz. Não tem nada de mal uns tapinhas pra ajudar a relaxar. E você merece. O que você fez em Pequim deixou o velho Satchmo alucinado. Te convido pra dividir uma baga um dia desses. Continua remando, véio!”

Pode parecer estranho ver a Armstrong e Phelps como amigos. Apesar de terem nascido com uma diferença de oitenta e poucos anos, ambos trouxeram a glória ao seu país. Quando conquistaram suas façanhas – discos e medalhas – o povo delirou com seus feitos, louvando-as como insuperáveis em seus respectivos campos.

E então, no momento em que suas carreiras atingiam o topo, ambos se encontraram associados ao consumo de maconha.

O flagrante de Armstrong em 1931, do lado de fora do Cotton Club no Harlem, o levou a passar nove dias atrás das grades. Quando solto, era ainda mais popular que nunca. Nenhum tipo de desculpas públicas eram exigidas, ou dadas. Naturalmente, como a imprensa era muito mais lenta na época, muitos nem ficaram sabendo da história.

Louis não parou de fumar maconha, elogiando-a em canções ao longo de sua vida, e ainda fundando The Vipers, um grupo de músicos que defendiam a erva.

“Sempre consideramos a erva como um tipo de medicina, um leve entorpecimento que é muito melhor do que o provocado pela bebida” escreveu Armstrong. “Porém com as penalidades que surgiram, algumas vezes tive que largar, mas o respeito por ela seguirá comigo para sempre. Tenho toda a razão do mundo para dizê-lo e estou muito orgulhoso disso.

O flagrante de Phelps, como todas as gafes modernas, estava em todas as partes em um instante. Sua foto com o bong cobriu a web (o próprio bong apareceu momentaneamente no eBay, até o site removê-lo). Ele foi suspendido temporalmente das competições oficiais pela confederação americana de natação. Perdeu um de seus patrocinadores e foi forçado a mostrar seu arrependimento pelo “comportamento deplorável”.

Obviamente podemos esperar um comportamento diferente de um músico de jazz e de um atleta olímpico, mas, pelo que ambos nos presentearam em termos de apreciação, inspiração e alegria para o país, não mereciam um pequeno descanso?

Fazer parte da elite de qualquer profissão – seja músico, nadador ou CEO de uma multinacional – vem acompanhado de muito stress. Quando todo mundo espera que você sopre 250 dós maiores em uma música, ou que bata o Record mundial cada vez que entra na água, isso cobra um preço de seu corpo e de sua mente. O que há de errado com um baseado para ajudar a tranqüilizar-se?

Uma mostra aleatória qualquer elite demonstra que Satch e Phelps estão em boa companhia. Mozart comia bombons de cannabis. Abe Lincoln amava “fumar um cachimbo da doce maria”. Duke Ellington e Count Basie viajaram com baseados. Kerouac, Dumas d Dali também. Ray Charles, Keith Richards, Paul McCartney – todos maconheiros. E não é preciso nem ficar buscando no reggae. Até o novo presidente dos EUA fumou. Repetidamente. Como ele mesmo disse, “That was the point”.

Mas a America, cujo coração bivalve bombeia puritanismo e progressismo em medidas iguais, ainda se sente ultrajada pela marijuana. A America quer a gloria trazida por seus heróis, mas também os quer em pacotes adequados e respeitosos das leis.

E, me desculpem, mas essa lei em particular é algo idiota.

Enquanto a legalização talvez não ocorra nunca (uma vergonha, pois um imposto sobre maconha poderia favorecer um estímulo econômico tão necessário), ao menos nós podemos ser mais tolerantes com nossos heróis quando eles dão um tapinha de vez em quando.

Bill DeMain – Publicado 02/04/2009 na Mojo Magazine Online

Leonard Cohen lança disco duplo ao vivo


O polifacético cantor e compositor canadense Leonard Cohen lançou no passado dia 31 de março “Live in London”, dois CD’s e um DVD aonde percorre por algumas das grandes canções de sua virtuosa carreira. As 26 músicas, entre as quais se encontram clássicos como Suzanne, Dance Me To The End Of Love, Tower Of Song, Sisters Of Mercy, Hallelujah, So Long Marianne ou The Future, foram gravadas ao vivo no show de 17 de julho de 2008 no 02 Arena de Londres, depois de 15 anos sem pisar nos palcos.

Aos seus 74 anos Cohen mostra que as boas músicas nunca morrem. Suas letras são como poesias e suas músicas inspiram gerações de músicos até os dias de hoje. Outra boa dica é o DVD “Leonard Cohen – I’m Your Man”, documentário sobre ele com a participação de músicos como Nick Cave, Rufus Wainwright, Antony Hegarty, Jarvis Cocker, entre outros.

Ainda a tempo, Cohen fará uma turnê mundial que inclui os seguintes shows em terras espanholas: dia 13 de agosto em Vigo, dia 15 de agosto em Girona, dia 12 de setembro em Madrid, dia 13 de setembro em Granada, dia 17 de setembro em Bilbao, e dia 21 de setembro, seu aniversário de 75 anos, se despedirá em Barcelona. Imperdível.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

John Fogerty



John Fogerty tocará na Espanha em julho pela primeira vez
O ex-líder do Creedence Clearwater Revival, compositor de renome, dará um giro pela península

Os shows de Fogerty, considerado um dos mais importantes compositores da música americana do século XX, serao realizados por vontade do músico em festivais especializados como é o caso do Festival de Jazz de San Javier (Murcia) - 10 de julho - ou o Festival de Guitarra de Córdoba - dia 11.

Além disso toca no dia 13 em Madrid e 14 em Barcelona, aonde, diante de platéias nao superiores a 3.000 pessoas e acompanhado de sua extensa coleçao de guitarras, o rockeiro californiano interpretará todos os grandes exitos de sua carreira, como informa a produtora Riff Producciones. As datas previstas para conseguir as entradas serao a primeira quinzena de abril, no caso de Murcia, Cordoba e Barcelona, e a primeira do mes de maio para Madrid.

Quino



http://www.quino.com.ar/

Henfil

Malvados



http://www.malvados.com.br/

quarta-feira, 1 de abril de 2009

AC/DC BCN 31-03-09


Sem comentários! Os caras continuam os mesmos. Tocando a mesma música de sempre, com a mesma energia de sempre. E pra foder de vez, ontem era aniversário do inimitável Angus Young, o guitarrista mais rock and roll do planeta. 54 anos ensinando a essa molecada o que é o bom e velho rock e mostrando que oito anos sem gravar não os impede de lotar seus shows em qualquer lugar do mundo.

O Palau Sant Jordi estava arregaçado de tanta gente que vibrou com mais um desconcertante espetáculo da banda que desde 73 preenche vida e alma de gerações. Desde o blues inicial, típico de todos os concertos da banda, preparando o público para as duas horas de pedradas - do novo álbum "Black Ice", mas principalmente de seus clássicos - o local nao parou, acompanhando ao incansável Angus.

Foi um espetáculo completo, com direito a tiros de canhao em For Those About to Rock, chamas em You Shook Me All Night Long, o imenso trem de Rock'n'roll Train, o sino gigante de Hell's Bells e a presença ilustre de Rosie, uma enorme boneca inflável que montou sobre o trem em Whole Lotta Rosie... aqui está o set list:

1. Rock'n'roll Train
2. Hell ain't a Bad Place to Be
3. Back in Black
4. Big Jack
5. Dirty Deeds Done Dirt Cheap
6. Shot Down in Flames
7. Thunderstruck
8. Black Ice
9. The Jack
10. Hell's Bells
11. Shoot to Thrill
12. War Machine
13. Anything Goes
14. You Shook Me All Night Long
15. TNT
16. Whole Lotta Rosie
17. Let there be Rock
18. Highway to Hell
19. For Those About to Rock (We Salute You)

E nao poderia deixar de comentar o espetacular vídeo de abertura do show, o qual voces podem apreciar abaixo... FOR THOSE ABOUT TO ROCK... WE SALUTE YOU!!!