quinta-feira, 5 de março de 2009

Grandes Nomes do Blues 5 – Leroy Carr


A vida e a carreira do vocalista e pianista Leroy Carr desmentem o mito de que os músicos de blues acústico da pré-guerra eram inevitavelmente rurais ou primitivos. Carr nasceu no 27 de março de 1905 em uma plantação em Nashville, Tennessee, e seu pai trabalhava como zelador na Universidade de Vanderbilt. Após a separação de seus pais, sua mãe o levou junto com sua irmã a Indianapolis (conhecida na língua nativa como “Naptown”), um dos centros vitais da industria automobilística da época.

O jovem Leroy aprendeu a tocar o piano e deixou a escola muito cedo para buscar a vida: viajou com o circo, se alistou no exército a trabalhou no pirateio, mas por volta de 1925 já era um artista profissional que atuava em festas privadas e clubes da avenida Indiana, a primeira região com casas de festa para negros de Indiana. Conheceria aí ao guitarrista Francis “Scrapper” Blackwell (1903-1962) com quem compartiria sua sensibilidade musical urbana, contemplativa talvez. De fato, ambos desenvolveram uma misteriosa telepatia musical que os permitia intercalar refinadas melodias com gritos estridentes que prendiam o público nas pistas de baile.

Em 1928 a dupla teve sua primeira seção de gravação para o selo Vocalion e seu primeiro tema, “How Long, How Long Blues” seria o melhor. Uma melancólica mistura de metáforas sobre a perda e a resignação – trens solitários apitando, amantes que se vão, vistas de montanhas desoladas – sofisticada no sentimento, com uma letra suficientemente rural para chegar ao coração de qualquer. Em Mississipi, Robert Johnson, como muitos outros, sentiu devoção por Carr e Blackwell e a dupla converteu-se rapidamente na mais popular do blues. Ao êxito inicial somaram-se outras gravações com a marca indiscutível da rica e emotiva voz de Carr – “Naptown Blues”, “Rocks in my Bed”, “We’re Gonna Rock”, “Mean Mistreater Mama”, “Blues Before Sunrise” – que não venderam tanto como “How Long...” mas foram suficiente para que a carreira da dupla se alargasse por mais sete anos.

“Estou apaixonado por Leroy Carr. Posso tocar suas músicas toda noite sem me importar se as pessoas gostam ou não.”Barrelhouse Chuck

O blues nunca foi uma saída fácil e tanto Carr como Blackwell (que tinham pirateado discos antes de interpretar) eram grandes bebedores. Sua última atuação juntos foi por volta de fevereiro de 1935, e Carr morreu em decorrência de seu alcoolismo agudo apenas dois meses depois. Seu colega seguiu lutando por conta própria, porem abatido pela perda e sem inspiração, só chegou a ser “redescoberto” em 1959, coisa que lhe permitiu desfrutar de um breve regresso a pesar de morrer poucos anos depois.

Aparte de sua inegável influencia sobre Robert Johnson e outros (em “Love in Vain” de Johnson se intuem os ecos tanto de “How Long...” como de outro tema de Carr/Blackwell, “When The Sun Goes Down”) a da popularidade que a dupla alcançou em seu auge (entre seus muitos fãs negros estava Blind Lemon Jefferson) Leroy Carr está sub-valorizado hoje em dia: talvez por ser de uma cidade do norte que não Chicago ou Detroit, ou talvez por seu estilo muito sutil para os que insistem em associar o blues com emoções impactantes ou com um certo “primitivismo”. Em seu silencioso caminho, Leroy Carr ganhou com honras um lugar na história junto a Jefferson, Lonnie Johnson, Bessie Smith, e todos aqueles que ajudaram a modernizar o blues nos anos vinte.

Baixe aqui e escute a música de Leroy Carr:

01 - I'm Going Away And Leave My Baby
02 - Tennessee Blues
03 - Truthful Blues
04 - You Don't Mean Me No Good
05 - Mean Old Train Blues
06 - Prision Bound Blues
07 - Naptown Blues
08 - Gettin' All Wet
09 - Carried Water For The Elephant
10 - Papa Wants A Cookie
11 - Four Day Rider
12 - Low Down Dog Blues
13 - What More Can I Do?
14- I Keep The Blues
15 - Longing For My Sugar
16 - Bread Baker

http://www.zshare.net/download/92492594f6968917/

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