sexta-feira, 22 de julho de 2011

Grandes Nomes do Blues 32 – B.B. King


Em 1964 o grande músico do Mississippi Riley King deixou os campos de algodão para fazer fortuna em Memphis, levava 2,50 dólares no bolso  e uma guitarra retorcida. Hoje seu nome é sinónimo de blues.

King é certamente o músico que mais influência exerceu nos últimos 50 anos. O vibrato e o sustenido marcaria a toda uma geração de cantores de todos os géneros e os agudos de sua cálida voz sulista brotam das entranhas do blues. E ainda assim, atingir o topo do blues jamais alterou sua humildade e naturalidade.

King nasceu em uma plantação perto de Indianola, Mississippi, no 16 de Setembro de 1925 e não teve uma infância nada fácil. Por um lado, devido às ameaças de Jim Crow e por outro devido à morte de sua mãe aos seus 10 anos de idade. Quando King foi visitar seu primo – intérprete de blues – Bukka White em Memphis, já havia cantado gospel, porém só começaria a ganhar concursos quando liberou sua voz valente e seu carisma, além de um estilo de guitarra muito pessoal, influenciado diretamente por Lonnie Johnson e T-Bone Walker. Em 1948 conquistou um espaço de dez minutos diários na emissora de rádio WDIA vendendo produtos medicinais (como o tónico Pepticon, por exemplo) intercalando suas próprias músicas. King escolhera como nome de guerra “The Beale Street Blues Boy”, mas os responsáveis da emissora o reduziram a B.B. (de Blues Boy). Um ano depois foi lançado pela gravadora local Bullet e pouco depois assinaria contrato com a Modern Records de Los Angeles. Seu primeiro sucesso foi “Three O’Clock Blues” (1951), um aperitivo dos 200 shows que chegaria a dar por ano.

King passou as décadas de 1950 e 1960 em turnê. No começou não chegou a ir muito longe de Memphis, mas com o tempo chegaria até Twist, Arkansas, por exemplo, aonde quase morre por salvar sua Gibson L-30 de um local em chamas, fato pelo qual viria a batizar todas as suas guitarras com o nome de “Lucille”, em homenagem à mulher que supostamente provocou o incêndio.

Começou a percorrer o sul quando já podia ganhar 800 dólares por show, ou seja, depois dos êxitos “You Upset Me Baby” ou “Please Love Me”. No inicio foi acompanhado pelo grupo de Bill Harvey, viajando num Cadillac e outros dois carros, e ocupando os pequenos auditórios dos povoados que a agência Universal Attractions – com sede em New York – ia reservando à medida que avançavam. Por volta de 1955 King já tinha sua própria banda, a B.B. King Orchestra, e havia pedido um empréstimo para comprar seu primeiro trailer, um Aero de segunda mão que batizou de “Big Red”. A partir daí as turnês começaram a incluir as grandes comunidades afroamericanas de Chicago, Los Angeles ou Harlem. Foi exatamente nessa etapa aonde conquistou o maior número de números um, como “Sweet Sixteen”, “Rock Me Baby” ou “How Blue Can You Get” e a influência de um de seus ídolos, Louis Jordan, é facilmente reconhecível. Em 1962 foi contratado pela ABC-Paramount Records e em 1964, o lendário disco “Live at the Regal” – um show em Chicago diante de uma multidão enlouquecida – saiu à venda. Ainda que o público branco estivesse mais centrado no blues acústico, uma nova geração de músicos começou a seguir seus passos: Eric Clapton, Mike Bloomfield, Jimmi Hendrix ou Johnny Winter ajudaram a introduzi-lo aos ouvintes de rock and roll. Em 1970, seu clássico por excelência “The Thrill is Gone”  subiu ao número 15 das listas americanas levando-o ao estrelato.

Desde então King é o maior expoente do blues tradicional, gravando discos excelentes como “Indianola Mississippi Seeds” (1970), “Live in Cook County Jail” (1971) ou “Now Appearing At Ole Miss” (1980). Tendo em Las Vegas seu centro de operações, jamais hesitou em sair dos Estados Unidos e atuar em dezenas de países. Em 1984 entrou para o Hall of Fame do Blues, e em 1987 para o do rock. Nesse mesmo ano ganhou um Grammy por sua trajetória. Em 1989 gravou com U2 “When Love Comes To Town”, apresentando-se assim a uma nova geração de admiradores. Mais de 100 shows de B.B. King foram transmitidos em rádio ou TV a diversos países.

Aos 80 anos, no dia 29 de março de 2006, King tocou na Sheffield’s Hallam Arena no que seria a primeira parte de uma turnê europeia, acompanhado de Gary Moore, e que terminaria dia 4 de Abril com um show na Wembley Arena. Em Julho ele voltou à Europa com a intenção de realizar sua despedida na Suiça, tocando duas vezes no Festival de Jazz de Montreux e também em Zurich no “Blues at Sunset” dia 14 de Julho, mas acabou alargando numa turnê que durou até o 19 de Setembro. Entre Novembro e Dezembro, King tocou seis vezes no Brasil. Durante uma entrevista dia 29 de Novembro em São Paulo, um jornalista lhe perguntou se essa seria realmente sua turnê de despedida, ao qual King respondeu: “Um de meus atores favoritos é um escocês chamado Sean Connery, a maioria de vocês o conhecem como James Bond, ou 007. Ele fez um filme chamado “Nunca diga nunca jamais”.

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