terça-feira, 12 de julho de 2011

Grandes Nomes do Blues 31 – Albert King



Os discos que Albert King gravou para a Stax nos anos sessenta e setenta são até hoje marcos do blues moderno. Canções como “Born under a bad sign” ou “I’ll play the blues for you” são receitas para muitos guitarristas contemporâneos em busca de uma pauta. Mesmo pesando 110kg e com quase dois metros de altura, tinha uma voz melosa, um tom de guitarra suave e exprimia experiencias de uma vida inteira em cada nota que tocava.

Albert Nelson nasceu dia 25 de Abril de 1923 em Indianola, Mississippi (perto de onde pouco depois viria a nascer B.B.King, aguardem pelo próximo post). Enquanto crescia numa fazenda do Arkansas, Albert pôde disfrutar da música de Howlin’ Wolf – que passou uma temporada pela região – a quem passou a imitar pouco depois, tocando pela zona em 1939. Anos mais tarde, King chegaria até South Bend, Indiana, cantando com o quarteto de gospel Harmony Kings, antes de transladar-se a Chicago e tocar a bateria para Jimmy Reed, Jackie Wilson, Brook Benton, entre outros.

Enquanto isso continuava praticando e evoluindo sua técnica na guitarra. Passou do violão à guitarra eléctrica tomando como base o estilo de B.B.King – de quem tomou emprestado também o pseudónimo. Essas proximidades com B.B.King são facilmente reconhecidas nos primeiros trabalhos de Albert para os selos Parrot e Bobbin, como “Don’t Throw Your Love On Me So Strong” (1961). Quando em 1966 assinou contrato com a Stax Records, seu estilo já estaria completamente definido. Ao final dos anos cinquenta comprou uma Gibson Flying V, guitarra que seria sua marca e com a qual subiria o volume do amplificador, passaria a tocar em Mi Menor e faria que sua canhota desse forma ao seu som definitivo –  espremendo o matiz das cordas e retorcendo as notas – espelho anímico de sua melosa voz gospel.

"Se você escutar aos guitarristas de blues atuais, perceberá que quase o noventa por cento do que tocam é Albert King" - Carl Weathersby 

Os discos de King para a Stax contaram com a colaboração mais que especial de artistas do calibre de Booker T. and the MGs, Isaac Hayes ou os Memphis Horns, e representavam o passo que faltava do blues ao soul. King entrou finalmente no mercado branco graças à chegada da FM, com a colaboração de Eric Clapton e da versão do Cream para “Born Under a Bad Sign”, e sua reputação dentro do mundo do rock se assentou definitivamente em 1964 ao abrir uma série de shows no Fillmore Auditorium de San Francisco para Janis Joplin e Jimi Hendrix.

A fama de King se manteve durante os anos setenta, ainda que o blues não passasse por um bom momento devido ao domínio do rock nas emissoras de rádio e à chegada da música disco nas pistas de dança, aonde antes reinava a música ao vivo. Felizmente King conseguiu seguir com seu trabalho ajudado por um jovem guitarrista chamado Stevie Ray Vaughan e de onde tocava, o Armadillo World Headquarters de Austin, Texas. Mesmo depois de atingir o ápice do blues e do rock, Vaughan não só fazia inúmeras versões de músicas de King, como insistia em convidar-lhe aos seus próprios shows. Em 1983 tocaram juntos para a rede de televisão CHCH de Hamilton, Ontario, e dessa sessão e eventual entrevista surgiu o disco postado mais adiante aqui.

Ainda que King jamais tenha alcançado a fama que conquistou nos anos sessenta com a Stax, não parou de tocar até que um ataque do coração acabou com sua vida em Memphis, dia 21 de Dezembro de 1992. Seu corpo descansa no cemitério Paradise Gardens de Edmonson, Arkansas, e em sua lápide pode-se ler “I’ll Play The Blues For You”.

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