segunda-feira, 25 de maio de 2009

Grandes Nomes do Blues 20 – T-Bone Walker


Aaron Thibeaux Walker nasceu em Linden, Texas, no 28 de maio de 1910 e foi o único filho de Rance e Movelia Walker. Em 1912 a família se mudou a Dallas, aonde o jovem Aaron serviria de guia a Blind Lemon Jefferson pelas ruas da cidade antes de aprender a tocar a guitarra e se perder com artistas ambulantes durante os anos vinte. Até 1929, ano em que debutou pela Columbia com “Trinity River Blues” e “Wichita Falls Blues” assinando com o pseudônimo de Oak Cliff T-Bone (sendo T-Bone um jogo fonético de seu próprio sobrenome).

Walker tinha trabalhado localmente com Cab Calloway e Ma Rainey antes de partir em direção a Los Angeles em 1934 e buscar a vida: o primeiro passo foi formar um grupo para tocar no Little Harlem Club. O segundo passo foi gravar uma música (“T-Bone’s Blues”) com o grupo e acompanhado pela orquestra Les Hite antes de sair de turnê por Chicago e Nova York entre 1939 e 1940. De volta, modificou seu grupo e seguiu tocando para o Little Harlem Club. Já em 1942 compareceu a estúdios de gravação com sua guitarra para colaborar com a orquestra de Freddie Slack, e, acabadas as sessões, os responsáveis do selo Capitol Records decidiram gravar mais duas músicas: “Mean Old World” e “I Got A Break Baby”. Uma decisão acertada, pois a carreira de Walker viu-se relançada, permitindo-lhe seguir com suas turnês, tocar em clubes exclusivos para brancos em Washington, parar freqüentemente de 1942 a 1945 na sala Rhumboogie de Chicago, e ainda voltar a gravar, em 1945, para os selos Rhumboogie e Mercury.

Em setembro de 1946, pelas mãos do produtor Ralph Bass, Walker assinou um contrato exclusivo com o selo Black & White que o levaria a gravar, em 15 meses, 49 títulos entre os quais se encontram os mais importantes de sua carreira, como “Call It Stormy Monday” ou “T-Bone Shuffle”. Além disso, suas revolucionárias atuações o ajudaram a triunfar, especialmente por excentricidades como tocar a guitarra por trás da cabeça ou cuspir no palco. Em 1948 as vendas foram interrompidas devido à segunda greve da AFM, mas como não tinha parado de gravar anteriormente, 1950 foi um ano prolífico para ele. Lamentavelmente, seu selo – Black & White – não agüentou e quebrou, e os direitos de Walker foram adquiridos pela Capitol Records.

Na primavera de 1950, Walker decidiu-se pela Imperial Records e, dos 52 títulos que gravaria para esse selo nenhum chegaria às listas nacionais, mesmo sendo um trabalho de indiscutível qualidade. O mesmo aconteceu em 1955 com a Atlantic: nenhum êxito relevante, mas uma música memorável. Instalou-se em Los Angeles e continuou fazendo turnês.

Em 1962 Walker participou no American Folk Blues Festival, uma série de shows pela Europa que lhe serviram para mais tarde cercar-se de colaboradores, o que lhe permitia cruzar o Atlântico com freqüência. Era uma figura nos EUA e também na Europa, aonde chegou a gravar para diversos selos e em diferentes países: o álbum Good Feelin’ (1969) publicado pela Polydor ganhou um Grammy em 1970. Continuou dedicando-se à música até pouco antes de morrer.

Walker não despontou como cantor de blues, mas tinha as qualidades de um bom “crooner”; destacou-se por sua arte com a guitarra: seu som, suas frases pausadas e sua habilidade com a edição são as características de um estilo que foi referência indispensável para quase toda a geração de guitarristas do pós-guerra, coisa que Walker jamais haveria sequer sonhado. Foi o intérprete mais prestigioso do novo som que estava sendo gestado nos anos quarenta, uma fusão entre o beebop e o blues que deu lugar a alguns híbridos apaixonantes. Sua forma de tocar a guitarra era blues, porém de uma forma parecida ao jazz, com notas articuladas de forma precisa como um trompete de jazz. Suas raivosas improvisações de acordes, repetidas freqüentemente pelos metais, tiveram uma legião de imitadores, mas poucos conseguiram reproduzir seus fraseio impecável e a profundidade dos monólogos de sua guitarra.

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