sábado, 12 de junho de 2010

Grandes Nomes do Blues 30 – Buddy Guy


“A primeira vez que ouvi falar em guitarra elétrica pensei que alguém estava de brincadeira – dizia George “Buddy” Guy –. Vivíamos tão longe de tudo que não soube o que era um violão até que minha mãe recebeu catálogos de vendas por correio”. Guy nasceu no dia 30 de julho de 1936 em Lettsworth, Louisiana, e até hoje se mantém no cume do blues elétrico.


Os primeiros instrumentos de Guy eram artefatos fabricados com arame, pregos e latas pintadas que se dobravam depois dos “intercâmbios sonoros” com seu pai. A primeira guitarra elétrica que escutou, no mercado perto da cooperativa de seus pais, foi a de Lightnin’ Slim, e essa experiência lhe marcou profundamente. A ilusão de converter-se em jogador de baseball desapareceu após desfrutar do show ao vivo de Guitar Slim no Baton Rouge. Depois de algumas provas, conseguiu um espaço no mesmo club como músico até que em 1957 pôde comprar um bilhete de ônibus para Chicago.

“A cidade do vento” não foi das mais acolhedoras. Enquanto o blues estava em seu ápice com músicos como Howlin’ Wolf ou Muddy Waters, entre outros, e as discográficas Chess, United ou Cobra dominavam o panorama, Guy não encontrava trabalho. Estava frustrado e com fome, mas antes de decidir voltar a casa, Waters lhe deu a mão. Em pouco tempo Guy estaria trabalhando nos estúdios Chess e Cobra. Em 1963 acompanhou a Waters em seu famoso disco “Folk Singer” e, mais tarde, gravaria junto com o brilhante cantor e gaitista Junior Wells “Hoodoo Man Blues” em 1965 e “Southside Blues Jam” em 1967 com a Delmark. Guy será sempre lembrado por seus impresionantes shows ao vivo (tocando a guitarra até com os dentes), suas letras em tom gospel e seu dinamismo com a guitarra a base de contorções e divertidas improvisações.

A fama de Guy chegou mais longe do que ele jamais teria sonhado. Sua influência tocou artistas tão díspares como Hendrix, Clapton ou o musicólogo Samuel Charters – impressionadíssimo com o seu trabalho -, produtor de seu primeiro disco solo para o selo Vanguard, com temas como “A Man And The Blues” de 1968, considerada sua obra prima. Durante a década de 70, mesmo com o convite dos Rolling Stones para participarem de uma de suas turnês, a popularidade de Guy e Wells caiu no esquecimento, até que na década de 80 eles decidiram abrir seus próprios bares – o Checker-board Lounge e o Legends de Chicago – e limitaram-se a tocar nos mesmos.

Buddy Guy voltou ao topo do blues graças à ajuda de seu fã mais fiel, Stevie Ray Vaughan, quem lhe conseguiu um contrato com a Silverstone Records e através do qual nos daria em 1991 “Damn Right I’ve Got The Blues”. Nesse disco pode-se apreciar os acompanhamentos de Jeff Beck, Mark Knopfler e Eric Clapton, uma ducha de água fresca que permitiu a Guy perdurar no círculo blueseiro atuando em todo tipo de shows até hoje. Talvez os discos que saíram ao mercado logo após tenham uma tendência mais comercial, fato que maculou de certa forma seu prestigio e decepcionou aos mais conservadores, que deixaram de comprar sua música.

Novamente outro de seus adeptos teve que intervir, esta vez o produtor Dennis Herring, que se responsabilizou a que “Sweet Tea” (2001) fora um êxito, resgatando melodias clássicas e remasterizando-as, além de polir algumas peças do moderno blues do maestro Junior Kimbrough. Esse som oxidado relançaria a carreira de Guy e, em 2003, outra vez junto a Herring, publica “Blues Singer”, uma homenagem ao country blues acústico de “Folk Singer” (1964) de Muddy Waters, devolvendo-lhe às suas raízes mais rurais.

Buddy recebeu cinco prêmios Grammy´s, vinte e três prêmios W.C. Handy Blues (mais que nenhum outro artista até hoje), o Century Award da revista Billboard e a Presidential National Medal of Arts. Aos 72 anos foi capa da Rolling Stones pela primeira vez na edição especial “100 Greatest Guitar Songs”, apareceu no filme de Martin Scosese com os Rolling Stones “Shine A Light”, lançou seu último disco, “Skin Deep” (2008), todo com composições novas e com participações especiais de Eric Clapton, Robert Randolph, Susan Tedeschi, Derek Trucks e Quinn Sullivan.

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