domingo, 19 de julho de 2009

Grandes Nomes do Blues 22 – Ray Charles


Ray Charles Robinson nasceu dia 23 de setembro de 1930 em Albany, Georgia. Cego desde os sete anos, foi educado na Florida School de St. Augustine, uma escola para surdos-mudos e cegos aonde estudou piano e aprendeu a ler partituras em braile.

Aos quinze anos foi expulso do colégio, vendo-se obrigado a viver da música em Jacksonville, Florida. Poucos meses após já tinha conseguido tocar em alguns locais pela cidade. Quando voltava a casa, impregnava-se da música country, gospel e blues que tocava no rádio, e graças às máquinas de discos dos bares conheceria aos seus dois principais modelos musicais: Nat “King” Cole e Charles Brown.

Nos dois próximos anos Ray tocou em diferentes bandas. Algumas vezes se encarregava dos arranjos, em outras tocava o saxofone ou escrevia as letras. Assim percorreu toda a Flórida, atuando por vez primeira em Tampa, tocando o piano e cantando num conjunto seguindo o modelo de Nat “King” Cole.

Incentivado por G.D. McKee, um guitarrista com o qual havia tocado em Tampa, Ray mudou-se a Seattle, Washington, em março de 1948 – uma viagem que durou 5 dias de ônibus. A dupla aproveitou o trabalho em abundancia que a cidade oferecia e debutaram pelo selo Downbeat Records (atualmente Swingtime). “Confession Blues”, uma de suas melodias, arrasou na primavera de 1949, e quem havia assinado como R.C. Robinson converter-se-ia assim definitivamente em Ray Charles. O dono da discográfica, Jack Lauderdale, lhe propôs montar uma banda com seu melhor intérprete, Lowell Fulson. Um dos grandes frutos de sua participação no espetáculo de Fulson, no qual atuou como pianista e vocalista de 1950 a 1952, foi o êxito “Baby, Let Me Hold Your Hand”, porém Lauderdale entrou num período de vacas magras e teve que vender o contrato de Charles para a Atlantic Records.

A primeira sessão de gravação de Ray Charles com seu próprio nome se deu em setembro de 1952 e o resultado foi um desastre, com um único tema com certa relevância (“It Should’ve Been Me”). Charles converteu-se então num solista buscando acompanhamento para sua música. No verão de 1954 formou uma banda para acompanhar a voz de Ruth Brown em sua turnê, depois da qual a banda continuou por conta própria. Em novembro Ray estava preparado para bater novamente à porta da Atlantic Records.

Tudo mudou no 18 de novembro de 1954 com “I Got A Woman”, tema inspirado numa canção gospel que pela primeira vez reunia toda a paixão e a força de Ray. Subiu ao número um das listas de R&B com esse que foi seu maior êxito na década. A próxima gravação foi outro número um, “A Fool For You”. Ray Charles chegou.

No final dos anos cinqüenta Ray Charles alçou vôo gravando jazz instrumental, blues, músicas inspiradas no gospel e um disco, “The Genius of Ray Charles”, acompanhado por uma grande orquestra. Depois de outros dois números um, “Down In My Own Tears” e “What’d I Say”, assinou um contrato com a ABC-Paramount no qual se reservava a propriedade de seu material e um controle artístico total. A partir daí não tinha mais volta: formou uma grande banda, criou seu selo próprio – Tangerine – e seguiu colecionando êxitos. Durante os anos sessenta e setenta editou jazz, pop, R&B, soul, country e western, ainda que nem sempre com o mesmo resultado. Nos anos oitenta recuperou importância graças à sua aparição no filme “The Blues Brothers” (1980) e à sua colaboração no projeto USA For Africa com “We Are The World”. Charles ganhou 12 Grammys e um Lifetime antes de morrer, em junho de 2004. Em seu disco póstumo “Genius Loves Company” (2004), gravou com numerosos artistas que arrasaram em quanto a vendas e ganharam múltiplos prêmios, ao mesmo tempo em que a bio-pic Ray (2004) ganhava um Oscar ao melhor ator – Jamie Foxx.

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